sábado, julho 28, 2007

Minhas águas...





Às vezes me vejo como o mar: inexplicável. Essa mistura toda de sentimentos que nadam aqui dentro de uma maneira tão intensa e viva que não tenho palavras pra dizer. Por algum tempo, posso ser calma, serena e tranqüila. Pronta pra ser navegada. A espera de um pequeno barco, para que esse conheça todas as minhas frestas. Outras vezes tão agitada e furiosa que nem um submarino teria estabilidade. E muitas, muitas vezes, batendo as minhas ondas na areia com uma violência absurda, repetindo o movimento incansavelmente para que saia de uma vez toda a dor que tem dentro das minhas águas. Ah, elas estão especialmente frias hoje.
Gélidas.
Tristes.
Feias.
Poluídas.
Quando me vejo assim, tenho uma vontade deixar o meu corpo solto em busca de outras águas... Escutar cantos de sereias diferentes. Solta, entregue ao meu acaso. A Espera de outros encontros. E quem sabe ser abraçada por cardumes imensos e colorido.... Ah, esses cardumes! Peixes, tubarões, baleias , araias... Todos dançando uma ballet em volta do meu corpo, me fazendo esquecer das águas passadas. Posso ser bela como mar novamente: buscar o olhar de todos a partir do meu colorido, do meu brilho e dos meus movimentos sinuosos. Mostro muita coisa que não sou, e tendo a superfície modificada, a minha profundidade disfarçada, eu posso afogar banhistas despreocupados. Conquistar nadadores. Encontrar piratas. Encantar marinheiros.
Quem sabe, eu não possa até fazer um acordo político com sol e prometer dias bem melhores! Encher as minhas praias de gente, sobre tudo, casais apaixonados. Esses que deixam pegadas na areia e encontram lugares mágicos escondidos! Tudo acompanhado por uma brisa leve e um som que terei o prazer de sussurrar em seus ouvidos. No fim do dia, irei presentear um por do sol e com a linda chegada da lua. E ficarei lá, mar, observando a poesia humana entre o meu vai e vem das ondas...

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