sábado, julho 28, 2007

aquilo que se deseja



Considero o desejo uma palavra mágica e muito gostosa de falar. É uma coisa meio libidinosa que dá uma sensação de frio na barriga e de conquista. Quando eu penso em desejo já sinto a minha boca salivando. É muito difícil para mim, desassociar a palavra desejo do ato de querer. Querer é algo tão estranho também... Lembro me de quando eu era criança e queria bonecas. Sempre que ganhava uma boneca nova, brincava com ela até cansar... isso significava uma ou duas semanas no máximo! Depois já estava desejando outra... Hoje as troquei por pessoas! Anseio pessoas o tempo todo e as mais diversas... Mas continuo querendo o que não posso. Sempre! Como se fato de não poder impulsionasse ainda mais o desejos. Talvez venha da infância, ou da sociedade capitalista, ou talvez do simples fato de ser um humano. Querer, e querer só o que não se possui. Tenho que admitir que eu ando num momento em que possuo poucas coisas, e ando desejando muito. Ah, os meus desejos escusos... A coisa mais bela que eu posso é a minha esperança, que mesmo cansada, ainda me move em busca das sonhadas conquistas. Sabe, eu passei um bom tempo adiando para escrever esse texto porque não sabia como escolher o primeiro desejo a ser tirado do meu baú. Na verdade não sei direito quais são esses anseios, o que realmente eles quererem e como movem o meu mundo. Às vezes eu não sei direito quais são mais importantes dentre tantos que existem aqui dentro.
Numa tarde chuvosa, eu abri delicadamente a caixa e passei muito tempo vasculhando o meu mundo de desejos. Havia de tudo por lá: desejos antigos que se perderam pelo meio da vida, alguns escondidos e envergonhados, já outros bem escancarados que foram gritados de peito aberto para os quatro cantos do mundo... Ai, alguns desejos que se despedaçaram ao serem realizados... E mil desejos de menina, imaturos, que por mais que eu tente arrancar dali com uma força sobre humana, eles persistem teimosamente só para me irritar. Alguns desejos bobos e até, porque não, capitalistas. Outros imensos, subjetivos e cheios de peculiaridades. E até o maior deles: o TEATRO. O teatro é uma mistura de desejo, sonho, divindade, esperas e realidade. Um desejo diário, sempre reforçado. Quando eu penso no teatro, percebo o quanto outros desejos ficam tão pequenos, efêmeros e superficiais. Casamento, pessoas, sucesso, grana... Tudo isso é tão pouco perto do prazer em estar no palco. Talvez esse seja o meu verdadeiro amor universal! Fazer amor com mil espectadores... Comunicar com o outro através da minha poesia verbal corporal... Movimentos, vozes, sussurros... Tudo com uma entrega verdadeira e intensa. Tem como ter maior orgasmo? !

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