O teatro é algo sublime. É um diálogo verdadeiro entre as duas partes, artista e público, que comungam na arena. É engraçado que não podemos medir a dimensão do nosso discurso, já que cada espectador tem uma estória de vida e recebe as palavras da sua maneira. Ontem, após a apresentação do (des)esperar, conheci o Sr. Joel Cavalcante. Um velhinho brincalhão, como ele mesmo se caracterizou, que compareceu no camarim para me presentear com um poema. Um pequeno retrato de mim. Paredes, espera e poesia. Adorei a delicadeza. Segue o poema carinhoso:
O OLHO DO CORAÇÃO EMPAREDADO NO GELO
Olhar a mulher que é
E não o que fala
Importa
O que fala não tem importância
As palavras são mortas no céu da boca
Nas dúvidas dos próprios pensamentos
Mais do que parece ser
Tem importância o que parece poder dar
Até mesmo dando a aparência de negar
Pelo suspense
Para valer mais
Mas...
Pelo mais e pelo menos
Já está dando muito mais do que pensa
Simplesmente por ser mulher
Feita pelo amor
Feita pelo amor...
Feita para o amor...
Será que poderia existir
Será que poderia ser mulher
Sem amor?
A mulher sem amor
É uma parede de olhos
Fria fria fria
Sem vestido vermelho
E sem alma
Olhei...
Você se mostrava
Mulher mais do que falava
E a fervura de sua vida disse
Para um coração emparedado no gelo
Que estou friamente morto
Uma parede de olhos sem faísca
E até pintado de vermelho continuaria transparente
Você está carne
Viva viva viva
Viva de sol brilhando
E eu do outro lado da vida sem estar do outro lado da vida
Olhando sem frêmitos e sem pulsações
Em uma pele de resignações
Estou um olho a mais na montanha de olhos
A carne é um céu cheia de espasmos
E gritos de tanto prazer que chega a doer
Dói como se estivesse morrendo
Não estar mil vezes mais vivo a cada momento
Na panela de pressão prestes a explodir flores
Até a primavera ejaculada da terra
A sua carne viva diz...
O que diz para todo não morto
Mas o que ela diz
É o que ninguém sabe antes de acontecer
Pra quem não viu a peça, ainda teremos duas apresentações no Teatro SESC Paulo Autran em Taguatinga. Dias 22 e 23 de julho, as 20 horas, entrada franca. Apareçam! =]
O OLHO DO CORAÇÃO EMPAREDADO NO GELO
Para Patrícia Del Rey
Joel Cavalcante
Olhar a mulher que é
E não o que fala
Importa
O que fala não tem importância
As palavras são mortas no céu da boca
Nas dúvidas dos próprios pensamentos
Mais do que parece ser
Tem importância o que parece poder dar
Até mesmo dando a aparência de negar
Pelo suspense
Para valer mais
Mas...
Pelo mais e pelo menos
Já está dando muito mais do que pensa
Simplesmente por ser mulher
Feita pelo amor
Feita pelo amor...
Feita para o amor...
Será que poderia existir
Será que poderia ser mulher
Sem amor?
A mulher sem amor
É uma parede de olhos
Fria fria fria
Sem vestido vermelho
E sem alma
Olhei...
Você se mostrava
Mulher mais do que falava
E a fervura de sua vida disse
Para um coração emparedado no gelo
Que estou friamente morto
Uma parede de olhos sem faísca
E até pintado de vermelho continuaria transparente
Você está carne
Viva viva viva
Viva de sol brilhando
E eu do outro lado da vida sem estar do outro lado da vida
Olhando sem frêmitos e sem pulsações
Em uma pele de resignações
Estou um olho a mais na montanha de olhos
A carne é um céu cheia de espasmos
E gritos de tanto prazer que chega a doer
Dói como se estivesse morrendo
Não estar mil vezes mais vivo a cada momento
Na panela de pressão prestes a explodir flores
Até a primavera ejaculada da terra
A sua carne viva diz...
O que diz para todo não morto
Mas o que ela diz
É o que ninguém sabe antes de acontecer
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