quinta-feira, julho 01, 2010

O aluguel não foi pago, o contrato foi suspenso. Não adianta ter chave, nem conhecer o porteiro. Sou impedida de entrar. Não existe mais cama, travesseiro ou seu beijo na madrugada. A nossa casa virou um enorme quebra-cabeça com peças perdidas entre os meus vazios. Os sonhos foram empacotados e mandados para fora do país. Você trancou a porta, me atirou pela janela. Agora estou submersa em férias intermináveis, doses de whisky, cigarros mentolados, baseados e afins. Entregue a cidade desconhecida, a mesma cidade que já foi minha. De outra forma, em outro estado. Eu sinto o gosto do concreto, eu rabisco poemas nas quadras. Consumo todas as filosofias de botequim. Agora sou apenas mais uma parte da cidade. A minha casa está em mim, todo o resto é deleite.

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