Poeira solta a procura de outra poeira. Vontade de fugir, fingir que não é comigo. Uma porta aberta. Passos, sons carros que passam, passam e não param... Não é, não vai ser. Entrelaço os meus cabelos soltos de novo. Como se soltando esses cabelos, eu me soltasse também... Fuga de mim. Não quero olhar para dentro. Essa agonia que dá vontade de rir. Vontade de coçar a alma. Uma porta aberta. Parada. Vou até a porta. Olho. Olho,olho. E não enxergo nada. Alguns passos, barulhos. Quero fugir... Para que tocar nesses assuntos? Então volto a entrelaçar o meu cabelo. Não vem, de certo não vem...Quero uma musica com assobios soltos! O meu cabelo cai e se entrelaça entre as minhas mãos. Uma porta vazia de sentidos. Cutuco as unhas para não cutucar as feridas. Vontade de morder. Ando pela sala e sento. Para que uma porta aberta se eu não posso sair? Arranhas que esperam mosquitos e nós esperamos... Olho para todas as aranhas. Queria ser uma poeira dessas, uma sujeira. Queria tá sendo varrida dessa sala agora. Não quero olhar para mim. Que horas são? Será que ela tá espiando pela janela? Dor, a dor, adormecida. Olho para uma aranha, me ofereço, ela não quer. Olho para porta de novo. Nado ao encontro do nada. Minhas unhas coçam o meu corpo tentando tirar a sujeira, a poeira e as teias. Será que ela só vem meio dia? Vozes me enganam. Quero todas as minhas aranhas aqui, comigo. Eu sangro e os cabelos na cara entrelaçam angustias.
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