sexta-feira, dezembro 25, 2009

Eu não tenho medo da dor. A dor está grávida de palavras. E são elas que irão curar o meu aborto prematuro. O meu tiro no escuro. A minha falta de você. Vou ser palavra limpa, lavada pela água do mar. Lacrimejarei cada encontro, cada esperança morta. Até ficar vazia de todas as partes que te pertence. E seguir sozinha por uma Bahia imensa.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Versão Estilista


Cores e texturas. Trançar, costurar e misturar.
Para que o Mundo mude. Para que a cabeça gire.
$$$ 10,00 - fabricação própria- faço escambo

domingo, dezembro 20, 2009

Memórias, restos, passagens. A cidade nos habita, a cidade modifica. Mapas infinitos, redesenhados. Outras imagens, que se sobrepõem às anteriores, que trepam com as posteriores, que amam as subseqüentes. Somos peças de andaime - uma a uma - confundindo os contornos e os traços. Há um deserto formado por vias expressas, monumentos brancos e ipês amarelos. A velocidade diminui a superfície de contato. Sou extrato desse cimento que modifica e empedra meus pedaços de alma.

Engarrafada, enfeitada de luzes, a cidade veste seu colar de brilhantes e rubis. A fumaça dança sobre o meu corpo costurado. Aperto um, dois, três. Há apenas uma fila muda. Os sinais alternam suas cores e alimentam os penosos pardais. Eles medem os passos, sugam o desejo e tiram fotografias. Todas essas setas confundem os meus caminhos. E encaminho as minhas dores por email. Cadê você que não responde minhas letras?

Carros parados, ônibus lotados e pés descalços. A chuva benze todas as peles secas. Da poeta marginal ao engravatado. Os urbanóides procriam expectativas, agarram ilusões e insistem em misturar água e óleo. Meus vôos exigem pousos. Não posso caminhar nesse asfalto quente. Preciso que algo me impulsione para longe do eixo.
Vou encaixotar o futuro. Colocar o embrulho na estante. Ou melhor, trancar no alto do armário. Esquecer as datas, rasgar as agendas. Desenvolver um novo calendário apenas com o mês de fevereiro.
Eu não me dedico às palavras. Sou corpo imbuído de quereres. Sem ética, sem vergonha. Eu me esfrego em você. Implorando migalhas rasas.

sábado, dezembro 05, 2009

Eu te amo. Isso não é uma rima ou um poema. É a verdade estampada no peito que embala as minhas danças solitárias, que me beija a boca nas noites de sábado.

sábado, novembro 28, 2009

...Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.

Clarice Lispector

segunda-feira, novembro 16, 2009



surpresa (s. f.) : Ato ou efeito de surpreender ou de ser surpreendido. Espanto - causado por algo inesperado. Sobressalto; perturbação; pasmo. Sucesso inesperado, fato ou incidente inopinado. Ação calculada pela qual se pretende agradar ou ser útil a alguma pessoa sem esta o prever.Prazer inesperado.

quarta-feira, novembro 11, 2009

(des)esperar - Mostra Candanga



Eu, minha mala e a espera de sempre... Vamos apresentar amanhã no Teatro SESC Garagem -913 sul. Essa apresentação (única) faz parte da Mostra Candanga 2009. Nosso primeiro festival competitivo... Dá medo só de pensar. Figurino novo, malas reformadas, frio na barriga. "Ela disse que viria hoje? "
Ela veio. Objetivo antigo da companhia. Vamos jogar bastante na arena. Vai ser maravilhoso.
Te espero lá!
beijos
ps: Se vc já assistiu, reapareça ! Temos novidades! =]

sexta-feira, novembro 06, 2009

A chuva sorriu pras palavras espalhadas sob a cama. Havia adjetivos, verbos e dois sujeitos ocultos. Teu lençol sorvia o sangue do nosso herdeiro. Era tinta, era poema. Desajeitadas rimas beijavam suas pintas diariamente redescobertas. Como não conjugar você entre as minhas pernas? Café, whisky e chocolate meio amargo. Meu cheiro corria para o céu da tua boca. Derramava-me em litros. E durante dias, eu fiava o nosso encontro. Alinhavava decisões inúteis, escolhia texturas, pintava a face. Uma tecelã que costura a colcha durante toda a madrugada. Unhas cravadas, suspiros de jazz improvisado. Tua pele brutalmente bordada sobre o meu seio rígido. Você, sublime e atrapalhado, amor. E todos os por menores necessários para dançar as nossas incertezas nessas ruas desprovidas de esquinas.

Aflição de ser eu e não ser outra.

Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.


Hilda Hist

quarta-feira, novembro 04, 2009

Crescimento pessoal **

Válido durante muitos meses : Este será um momento de novas atividades e novos contatos, alguns bastante inesperados, que lhe trarão emoções e crescimento. Sob esta influência, você não estará satisfeita com sua rotina diária, o que prenuncia a chegada de uma época que lhe permitirá romper com os condicionamentos do dia-a-dia e introduzir em sua vida novos elementos, podendo assim manter-se psicologicamente viva. Em razão de tudo isso, será capaz de realizar coisas quase extraordinárias durante este trânsito. Em tudo que fizer, terá a chance de mostrar facetas suas que talvez ninguém ainda tenha percebido, inclusive você mesma. Por conseguinte, este é um trânsito de descobertas e crescimento pessoal que pode adquirir muita importância em seu desenvolvimento psicológico, além de ser interessante e emocionante.

Trânsito selecionado para hoje (pelo usuário):
Marte Trígono Urano, , exato às 09:44
Período ativo desde 3 Novembro 2009 até o final de Abril 2010

quinta-feira, outubro 29, 2009

Antes de partir



Fica esse gosto seco na garganta. As palavras embolam, as decisões tardam. Não quero partir. Não quero ir embora. Quero mais uma rima, mais dez gozos, mais quatro colheradas. Deveria ser uma louca, que seqüestra, que espanca, que te obriga a decidir por mim. Deveria sim, publicar todos os líquidos escorridos nesses últimos meses.

Acusada por olhares superiores, minha pornografia barata. Deveria estampar a minha dança sobre o teu corpo rígido. Uma, duas, dezenas de vezes. Me derreter sobre teus braços para ganhar a batalha. Ir longe, submersa. Rasgar qualquer fresta descuidada. Você deveria ser meu, irremediavelmente.

É tarde para recomeço ou suicídios. Você invade as minhas palavras. Presa entre as letras, a mulher que não sou. A dor que escondo, o filho abortado. Há pedaços em todas as cidades que se deve partir. Não se preocupe. A tua outra parte, segura e pré-estabelecida, cuidará das tuas tempestades.

E quanto a mim, lembrança tola, sou cidade esquecida.

sábado, outubro 24, 2009

Tight Lacing

Tightlacing ou "laço apertado" em uma tradução literal é o nome dado à prática de usar um corset por longos períodos, no intuito de alterar a silhueta reduzindo a cintura. Espartilhos genuínos são geralmente feitas por um corsetmaker e que deve ser montado especialmente para o usuário individual.

Procuro um desses milagreiros aqui em Brasília. Caso alguém conheça, entre em contato! =]

beijinhos

segunda-feira, outubro 19, 2009

Darei mil passos em vão.
Suplicarei para que meus olhos cessem.
Para que a pele acostume. Para que a dor vire lembrança.
Entregar-te ao mar. E salgar a amargura
Da tua solidão compartilhada.
Da minha pequena morte prematura.
Marinar os nossos corpos covardes
Em destilados antigos. Quase esquecidos.
Embriagar-me de suas ausências,
E reescrever meus poemas futuros.
E ainda assim, caminhar descalça.
Para que o vento eleve e lave
A tua paisagem da minha escadaria.

Carta do Dia

sexta-feira, outubro 02, 2009

AMOR LOUCO (AL)

O amor louco não é uma social-democracia, não é um parlamentarismo a dois. As atas de suas reuniões secretas lidam com significados amplos, mas precisos demais para a prosa. Nem isso, nem aquilo – seu Livro de Emblemas treme em suas mãos. Naturalmente, ele caga para os professores & para a polícia. Mas também despreza os liberais & os ideólogos – não é um quarto limpo & bem iluminado. Um topógrafo embusteiro projetou seus corredores & e seus parques abandonados, criou sua decoração de emboscada feita de tons pretos lustrosos & vermelhos maníacos membranosos.

Cada um de nós possui metade do mapa – como dois potentados renascentistas, definimos uma nova cultura com a nossa excomungada união de corpos, fusão de líquidos – as fronteiras imaginárias da nossa cidade-Estado se borram com o nosso suor.

O anarquismo antológico nunca retornou de sua última viagem de pecas. Conquanto ninguém nos denuncie para o FBI, o Caos não se importa nem um pouco com o futuro da civilização. O amor louco procria apenas por acidente – seu objetivo principal é engolir a Galáxia. Uma conspiração de transmutação.

As palavras pertencem àqueles que as usam apenas até alguém as roube de volta. O amor louco é saturado de sua própria estética, enche-se até as bordas com a trajetória de seus próprios gestos, vive pelo relógio dos anjos, não é um destino adequado para comissários ou lojistas. Seu ego evapora-se com a mutabilidade do desejo, seu espírito comunal murcha em contato com o egoísmo da obsessão. O amor louco pede uma sexualidade incomum. O mundo anglo-saxão pós-protestante canaliza toda sua sensualidade reprimida para a publicidade & divide-se entre multidões conflitantes: caretas histéricos versus clones promíscuos & ex-ex-solteiros.

O AL não quer se alistar no exército de ninguém, não toma partido na Guerra dos Sexos, entedia-se com os argumentos a favor de iguais oportunidades de trabalho (na verdade, recusa-se a trabalhar para ganhar a vida), não reclama, não explica, nunca vota & nunca paga impostos.

O AL é sempre ilegal, não importa se disfarçado de casamento ou de um grupo de escoteiros – sempre embriagados do vinho de suas próprias secreções ou do fumo de suas virtudes polimorfas. Não é a deterioração dos sentidos, mas sim sua apoteose – não é o resultados da liberdade, mas seu pré-requisito. Lux et voluptas.
Hakim Bey

sexta-feira, setembro 25, 2009

Ser ambíguo deslizando sobre uma corda bamba

Avião. Três horas e meia de vôo. Desconfortável. Outra fuga, outro planeta. Me escondo no Acre. Mais um fim de semana longe da minha cidade. Estarei excessiva de mim. A cabeça aqui. O coração aqui. E eu lá, no meio do nada. Terei uma puta crise sentimental naquele banheiro de azulejos antigos. Vou querer ser levada para longe. Pedir uma decisão dos céus. Escrever mil palavras impronunciáveis. Como posso misturar tudo no mesmo balaio? Eu passo despercebida no meio da multidão enquanto as minhas enormes listas de possíveis melhoras são escritas sobre o asfalto. Atenção, zelo, paciência. Qual é a rota certa? Estou dançando a nossa despedida? Vou implorar por uma filha. Um marido. E um cachorro. Depois, negarei qualquer estereótipo clichê. Não sou oito, não sou oitenta. Entre a liberdade vendida pelos hippies mofados e a loucura possível das atrizes, há uma mulher que ovula.




segunda-feira, setembro 21, 2009

" O louco é o homem que a sociedade não quer ouvir e que é impedido de enunciar certas verdades intoleráveis."
Antonin Artaud

quinta-feira, setembro 17, 2009

Uma boca que segue o desejo de ter você dentro, fora, entregue. Perene. Mesmo sem certeza, sem estrago. Pedaços que se espalharam. Meu cheiro entre você. Há passarinhos, de todas as cores, que voam sobre um fio. Me puxa para o meio. Breves beijos, breves toques, nenhum minuto mais. Precipitar é um verbo de ordem. Você me abala. Me cria asas. Você transforma a linha em triangulo.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Sou um vampiro
que sempre te surpreende
e chupa seu sangue.
Me alimento de teu suor,
de tuas lágrimas,
de teu sêmen.
Tiro o teu folego
e te penetro te beijando
até nem saberes mais
que vivo dentro de ti.
Como parasita.
Como uma serpente.
Como um vírus.
Sou teu coração e tua merda.
Sou teu cérebro e tuas mãos.
Sou teus pés e tua língua.
E assim vou te enlouquecendo
como um demônio encerrado em teu peito.
Serás minha irremediavelmente.
A mulher do diabo.
E quando eu dormir,
porque então continuarei dormindo,
cravarás tuas presas em minha garganta
e serás a vampira
e chuparás meu sangue.
E te alimentarás do meu suor,
de minhas lágrimas e de meu sémen.
Tirarás meu fôlego
e me penetrarás me beijando
até a alma.
E viverei dentro de ti.
E tu viverás dentro de mim.

Pedro Juan Gutiérrez

domingo, agosto 30, 2009

Perdi o meu livro do Calvino. Quando eu decidi me dedicar exclusivamente as tuas letras, ele desapareceu. Sempre assim. Eles fogem no melhor momento. Eu tava na metade da estória, com frases sublinhadas, poemas escritos no rodapé. Meus olhos sonhavam com as suas ultimas páginas. E de uma hora para outra, as Cidades Invisíveis foram dissolvidas. Nenhuma linha de despedida. Apenas a ausência e dias de silêncio.

quarta-feira, agosto 26, 2009

FAC

Depois de dois longos meses de espera, o resultado do FAC saiu. Toda classe artística participa desse concurso. Escritores, atores, artistas plásticos, circenses, cultura popular. Os artistas se desdobram para preencher direitinho o formulário e abocanhar uma grana do governo. O pouco dinheiro que é disponibilizado vem dos impostos recolhidos no Distrito Federal.

Para os artistas independentes, o FAC é a principal oportunidade de desenvolver suas pesquisas e receber um salário por esse trabalho. Sabemos o quanto é difícil sobreviver fazendo arte no nosso país. Poucos consumidores, uma mídia vendida, incentivo zero. Ser artista é estar sempre na margem.
a
Costumo levantar a bandeira que o artista é alguém que mesmo dentro de uma situação, está fora. Ele precisa ver o mundo com outros olhos. E a partir do seu ponto de vista, ele irá desenvolver o seu trabalho e mostrar a sua perspectiva para o mundo. Algumas pessoas vão gostar, outras vão detestar. E o artista deve rebolar bastante para entrar no circuito da cidade. Basicamente, os artistas são egocêntricos e incompreendidos. Mas estão a serviço da humanidade.
a
Voltamos ao Fundo de Apoio a Cultura. Esse ano, a nossa querida Secretaria de Cultura do Distrito Federal resolveu inovar no preenchimento do formulário do FAC. Foi desenvolvido um site para o cadastro dos processos e uma clausula um tanto duvidosa.
a
A tal clausula pedia que os artistas não se identificassem no projeto. Como posso pedir apoio sem falar sobre o meu trabalho já desenvolvido? Como não citar o nome de uma companhia se está pedindo a manutenção da mesma? Como uma escritora que desenvolve um trabalho autobiográfico risca o seu nome em todo livro?
a
Isso me parece ridículo. Não podemos avaliar sem conhecer quem está por trás daquele projeto. E a historia desenvolvida por aquele artista? Seu currículo, sua obra? Os funcionários da secretaria são burocratas e não entendem nada do que se passa do lado de cá.
a
Há uma falta de organização inacreditável dentro da secretaria. O resultado do FAC saiu em forma de números no diário oficial. Porém os inscritos não têm acesso ao seu número de cadastro. O site que contém essas informações foi retirado do ar. A maioria dos artistas não sabe ainda se ganharam o edital.
a
Para piorar a situação, recebemos um papel onde havia um número de protocolo quando entregamos os projetos. Mas esse número não tem serventia. Os funcionários da secretaria não podem informar nossos cadastros. Estamos à deriva. Há dois dias que esperamos para ter acesso ao resultado de um longo trabalho.
a
Será que a Secretaria de Cultura não entende que artistas não são números? Nós somos idiossincráticos. Temos as nossas estéticas, nossos conceitos. É uma falta de respeito manter esse resultado em forma matemática.

segunda-feira, agosto 17, 2009

(des)esperar na Ceilândia

Estarei apresentando o espetáculo (des)esperar na Ceilândia!
a
(des)esperar tem como base a autonomia do intérprete criador na concepção do espetáculo. Partindo de exercícios corporais, depoimentos pessoais e das improvisações feitas em sala de ensaio, o texto foi construído diariamente pelas atrizes, que conduzem, durante a peça, uma relação de interdependência entre quatro mulheres que se encontram na mesma condição: a espera.
a
Esse espetáculo foi contemplado pelo Fundo de Apoio de Cultura - FAC / 2008. Compareçam!
a
Direção Tatiana Bittar Com Ana Luiza Bellacosta, Kamala Ramers, Larissa Mauro, Patrícia Del Rey.Músicos: Lucas Ferrari e Marília CarvalhoLuz: Carlos Fino
a
Dias : 17 de agosto (Hoje!)
18 de agosto (terça)
19 de agosto (quarta-feira)
a
às 20 horas
a
Local:Teatro SESC Newton Rossi
C.A Ceilândia Norte
(61)3379-9588 ou (61)3379-9586
a
Entrada franca: 1kg de alimento
a
Andaime Companhia de Teatro
www.andaimeciadeteatro.blogspot.com
"Os seus últimos dias foram sedentos. Há algum tempo, ela não convivia com tal sensação. Essa sede específica por alguém. Uma vontade maciça de dividir coisas banais. Passeio no jardim botânico, exposição interessante e um café moído na hora. Parecia fundamental. Menstruações abalam qualquer sanidade e o gosto dele não saía do céu da boca. Poderia ligar, poderia mandar uma mensagem, poderia aparecer no meio da noite. Ela não perderia nada. Mas não gostava de escândalos. Nem de crimes passionais. As boas amantes se vestem de sombras. E foi o que ela fez, se manteve escondida todo final de semana."

Pequena parte do futuro, pra você que entrou por aqui. Melhor poucas letras do que nenhuma palavra. Assim o blog não fica tão vazio e triste. Fim de semana, eu acabo. Tenho tempo. Sou sobra.

quinta-feira, agosto 06, 2009

Estado de Choque

Ontem roubaram meu notebook em pleno Teatro Nacional. Todas as minhas fotos, meus poemas, minhas monografias, meus projetos, meus vídeos, minhas lembranças. Fui absurdamente assaltada de mim. Não fazemos backup da vida. Minha intimidade estava impressa naquela pequena caixa eletrônica e agora alguém estupra os meus poros sem o mínimo cuidado. Isso mata qualquer um. É a maior falta de ética e cuidado com o outro. Esse deve ser o problema do mundo: falta de cuidado.
a
Caso você que tenha levado a minha vida, venha me visitar, por favor entre em contato. Eu pago qualquer quantia para receber o que era meu. Entre em contato: patriciadelrey@gmail.com

terça-feira, julho 21, 2009



Segue meu cheiro. Beija as minhas dobras. E eu te seduzo com macadâmias adocicadas. Morada proibida, rua sem saída, desejo liberto por paredes azuis. Preenche o meu peito das tuas peculiaridades. De mais um, dois, três mil passos. E se dispa. Aceite o sopro sob o teu corpo para iniciar o nosso jantar. Lamberemos com gosto esse presente absoluto que nos foi oferecido.

domingo, julho 19, 2009

domingo, julho 12, 2009

a música liberta...
Dia de lembrança. Fiquei deitada por horas. Depois vieram as fotos, a saudade do efêmero. Cachoeiras, risadas, café preto. Deu vontade de jogar tudo para alto. Virar hippie, sair sem destino. Acontece pelo menos uma vez por mês. É um desejo genuíno de voltar às origens. Vida leve. Pessoas insistem na besteira cristã que temos que sofrer para sermos felizes. Porque acreditar nessa bobagem desnecessária embalada por uma ideologia falida? Nós podemos muito mais. Em cada nascer do sol, sou mergulhada dessa certeza. A minha caminhada é feita em cima de pétalas de rosas brancas. Meus passos são marcados em peles saborosas. Dos meus beijos escorrem poemas rimados. Sou vento que dança descontinuamente pelo mundo. A felicidade existe, ela sorri principalmente aos domingos.

terça-feira, julho 07, 2009

Pobre menina de 26 anos perde 10 minutos da sua noite deslizando suas mãos sobre um potinho da natura. Acne? Idade. Marquinhas bem vividas. Principalmente ao lado dos lábios. Dois riscos finos, porém presentes. Excessos de risos. Não é que a felicidade envelhece? Gargalhadas malditas. Ainda bem que o mau humor deixou para a irmã mais nova. Imagina mais dois traços no meio daquela bela sobrancelha?

Era hora de começar a passar filtro solar todos os dias e o bendito creminho todas as noites. As duas obrigações politicamente corretas enchiam sua cabeça de dúvidas: Ficaria com a cara branca a partir de agora? Como faria quando fosse dormir com um gatinho? Levaria o novo companheiro na bolsa? Ou manteria em segredo? E se ele achasse vaidosa demais? Ou babaca e neurótica? Como iria arcar com essa nova despesa mensal? Deveria revelar para amigas? E se ela perdesse todas suas expressões e virasse a barbie?

A idade era um inimigo antigo. Quando tinha 15 anos, queria ter18. E agora mais perto dos 30, a vontade era voltar para os 22.

O creme surgiu no meio de uma roda esfumaçada. Um amigo viado (27) relatou sobre a tal juventude encaixotada. Chronos 25 – o mais novo lançamento. A divindade da mitologia grega oferecia a borracha perfeita para apagar todas as noites mal dormidas de uma garota de 25. Parecia maravilhoso parar o tempo e continuar dançando acelerada. Nada mais de estórias impressas no rosto. Apenas lembranças suaves e a maturidade escondida por trás da melissa de bolinhas.

Foi assim que se rendeu ao filho de urano. E agora, no espelho, espalhava seu sêmen e ampliava o medo de envelhecer. Deveria comprar o creme específico para áreas dos olhos? Talvez fosse cedo, ainda nem tinha saído da casa dos pais. Faltava estabilidade financeira, a maturidade necessária. O mundo estava apenas começando a rodar e ela perdida em potes de creminhos infames.

quinta-feira, julho 02, 2009

Deu uma vontade inacreditável de sair de casa nessa madrugada de domingo para segunda. Palavras estão sendo escritas sobre o tal dia. Mas ainda não tive coragem de escolher as rimas exatas. De dar o tom certo para o texto. Por isso, não postei. A verdade é que ando bem desleixada com esse blog. Ele está um misto de lamento e justificativas. Encarar os meus textos para o livro me deu uma boa brochada. É muito difícil eu reler minhas letras. Eu me sinto uma babaca imatura. Clichê. Uma insegurança enorme. Parece que todas estão embaralhadas. Que vaidade é essa de me intitular como escritora agora? O que são meus textos perto dos meus livros favoritos? Ninguém. Falta ler, viver, imaginar, dedicar, rezar, ousar, errar. São mil verbos para serem conjugados apenas por dois sujeitos. Eu e o meu ego gigantesco.

Tudo bem, leitores. Minha intoxicação por excesso de mim passa rápido. Mas como sei que é um saco entrar aqui e não ler nada de muito interessante, ai vai um pouco de Clarice Lispector ( para alegrar a noite) :

Brasília é construída na linha do horizonte. - Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo quando foi criado. (...) Mas se digo que Brasília é a imagem de minha insônia, vêem nisso uma acusação; mas a minha insônia não é bonita nem feia - minha insônia sou eu, é vivida, é o meu espanto. Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil; eles ergueram o espanto deles, e deixaram o espanto inexplicado. A criação não é uma compreensão, é um novo mistério. - Quando morri, um dia abri os olhos e era Brasília. Eu estava sozinha no mundo. Havia um táxi parado. Sem chofer.
espaço
texto sobre Brasília - originalmente publicado no Jornal do Brasil, em 20 de junho de 1970. Leia o texto na integra blog olhar estrangeiro!
beijo

sexta-feira, junho 26, 2009

É assim: eu continuo te sacando pelas beiradas. Mesmo que doa ou sangre. Meus olhos procuram uma noticia inverossímil. Um alarme falso. Aquela esperança qualquer. Sou uma louca viciada que quer ver a sua vida derramada na minha. É a culpa é apenas tua por ter enchido um coração de palpitações frustradas. Você me adoeceu, cara. Estalou uma espera infinita e esqueceu-se de doar pontos finais. Agora é tarde. É na madrugada que os pés são calçados de futuro.
O rei do pop morreu.
Seus assassinos espalham a notícia.

domingo, junho 21, 2009

Dias seguidos de palavras sem rimas. Comecei quatro textos, não conclui nenhum. Idéias soltas, desconexas. Parece que nada está realmente bom. A vida se esconde debaixo das cobertas. Brasília faz 12 graus. Sai fumaça da boca, entra solidão no peito. Continuamos a nossa procura. Respira, começa de novo. Não há porque fugir do papel/tela/encontro. O caminho é árduo. Ou seria ardor? Prefiro a segunda hipótese. Pouco importa. A segunda se inicia daqui a pouco. Cartas de tarô, trânsitos astrais, i ching. Somos efêmeros como pássaros que seguem. Não existe parada, morada, escolha. Como posso entrar num mundo novo sendo a mesma?

terça-feira, junho 16, 2009

Publicação da minha fresta.


Pronto. Eis o motivo pela abdução dessas duas semanas. Um novo filho virtual. Meu primeiro E-BOOK! Achei que a obra ficou bem charmosa! Mas sabe como é mãe... O Rafa Braga que fez todo o trabalho de diagramação. Um anjo na minha vida! Agüentou as minhas dúvidas, serviu vinho e castanhas para acalmar o meu trabalho de parto. Também não posso esquecer da super mão da Joanne, tentando dar ordem ao meu caos. Quem mais poderia ser tão prestativa do que uma libriana? Avalia e diz verdade de uma forma doce! Ainda tem os inesquecíveis olhos pretos do André e seus comentários gostosos que fazem toda a diferença no meu mundinho. Ah, e lógico. A responsável pela minha futura aprovação no FAC, a minha prima linda revisou o projeto inteiro nessa madrugada.
Agora que a sorte foi lançada, é só torcer muito. Enquanto o sim não chega, já dá para baixar o livro. Ou folhear por aqui mesmo. Divirta-se! =]
ps: tive um dos melhores dias dos namorados da minha vida. regado a pizza, poesia e violão. depois eu conto mais detalhes por aqui... saudade de todos... um beijo.

sexta-feira, junho 05, 2009

para acalmar o mundo...

Se cabelos são lembranças, quero cortar todos os fios. Nada de sorrisos, nem lágrimas tolas. Apenas ausência. Ou solidão necessária. Aquele rei será deposto, o governo destituído. E o meu vestido, doado. Nada de flores pelo caminho. Muito menos espinho. O vazio será a mais bela companhia da dor. E assim, na falta de mim, haverá excesso de palavra.

quarta-feira, junho 03, 2009

domingo, maio 31, 2009

Um peito cheio de dúvidas atravessa a rua larga. Cadê? Em que ponto, em que asa, em que eixo? Estou parada na mesma quadra. E a cada passo, a distância aumenta. Não sei onde me localizo nessas ruas sem encontros. Os números embaraçam meus desejos. Talvez eu não consiga digerir direito o meu plano. Eu sou só engano com os meus sub-versos.




quinta-feira, maio 21, 2009

Incompleto - como a vida.

"Estava chovendo no eixo monumental, quando me senti com 15 anos. Errei duas vezes o caminho antes de chegar a na minha casa. Ainda precisava jogar as roupas na mala, depilar, tirar dinheiro e voltar agir com serenidade. Ninguém morre de amor. Em menos de quatro horas, eu estaria atravessando o centro do país em busca de eternizar algo que nascerá em dias ébrios.
a
Os minutos escorregam do relógio quando se está com pressa. Na plataforma da rodoferroviaria, estava a mesma personagem do parágrafo acima. A mochila desarrumada nas costas, uma garrafa de água com gás, dois maços de cigarros de canela e uma enorme barra de chocolate meio amargo. Havia uma fila brasiliense para entrar no ônibus. Viajantes estranhos se entreolhavam e trocavam poucas palavras. Ela acendeu um cigarro para celebrar o costume da sua cidade, e conseguiu enfim respirar depois do longo dia.
a
Sentei do lado da única certeza: minha vontade de ver mais partes dele. Desde que nos separamos, sentia teu corpo me abraçando todas as noites. Soltava algumas palavras, me beijava de forma doce e permanecia ali, entre as minhas pernas, até eu adormecer. Parecia ser intenso demais para apenas seis dias de convivência carnavalesca. Como podia estar entregue aos braços de algo tão efêmero?

As minhas perguntas imaginárias avançavam os sinais vermelhos. Daria o mundo pra entender cada métrica que se escondia por trás da barba do destinatário. Lá podia estar o inicio ou o final de uma longa espera. Não havia bússola, nem mapas. Nos últimos tempos, eu era uma náufraga que vagava sozinha em uma estrada longa e comprida.
a
Ele se fazia presente a cada momento de descuido da sua realidade. Seriam 937 km ou 14 horas até chegar ao destino escolhido. Curvas, asfaltos, dramins. Ela costumava enjoar fácil. É preciso de concentração e paciência para seguir. Viajar de ônibus agonia a alma dos mortais. Aquela intimidade forçada de roncos e barulhos estranhos por todos os lados. Talvez fosse bom levar um livro de companhia mesmo sabendo do risco de deslocar a retina. Enfim, estava feito. Não havia porque se arrepender. Nem todas as torturas rodoviárias iriam impedi-la de dar aquele passo.

Conversou com as estrelas mesmo sem abrir a cortina ao anoitecer. Leu algumas rimas. O suficiente para a superdosagem do remédio de enjôo acomodasse o corpo pequeno na poltrona desconfortável. A tal poltrona, que por quase uma hora, ela tentou convencer a se inclinar de forma servil, para que seus cabelos castanhos repulsassem. Não adiantou apertar botão, nem rezar a Ave Maria ou brincar de quebra-cabeça. Foram precisos quatro comprimidinhos brancos e vinte três poesias e meia para que a paz fabricada reinasse sobre a terra. "


Esse texto foi escrito no mês passado, e como dá pra perceber, ainda tá em aberto... Buscando um grande final. Mesmo assim, quis postar aqui. Porque enquanto os finais não são possíveis, eu saboreio meio.

domingo, maio 17, 2009

quarta-feira, maio 13, 2009

Nesse instante, desmontaria meu corpo sob o teu. Teria meus cabelos dedilhados. Fecharia os olhos e me sentiria acolhida. Pássaro no ninho. Perderia a minha cara cansada, meus problemas banais, minhas contas vencidas. Eu ia ficar quieta. Pronta pra teus mimos. Você me cobriria de silêncio e de desejo. Ia beijar a minha nuca, enquanto eu mostrava meu lado mais bonito. Seria frágil como a brisa. Receberia seu toque, me envolveria nos teus braços e teceria um grande cobertor de peles. Eu estaria apenas com você. E mesmo que o mundo partisse em dois, eu seria completa.

segunda-feira, maio 04, 2009

Com Licença Poética do Carlos Drummond de Andrade


Tinha um desvio no meio do caminho,
Assim como a pedra, tinha o desvio.
Tinha um grupo de amigos, tinha uma filha
E principalmente tinha uma fuga.
Eu estava no meio, como coadjuvante.
O que entender desse meu amante?
Que não me come, que não me beija.
Que não me surpreende no meio do banho.
Há de ser um fim de grande tamanho
Que se segue nesse meu caminho.
Eu que vim de longe, eu que viajei o mundo
Eu que me perdi seu corpo em poucos segundos...
Conjuguei a palavra saudade,calcei pedra por pedra desse chão.
Agora me fala o que eu faço para colar esse meu coração?
Não sou poesia fria, não sou mulher calada.
E mesmo com corpo em chamas, ele me cobre de nevoada.
Eu que não tenho casaco, eu que não tenho morada.
Eu que segui por esse caminho e perdi em sua cilada.
Há uma cozinha fria, há as lágrimas no colchão
Minha confusão de sentidos me jogou no meio da contra mão.
Não se pode esperar promessas ou construir castelos de areia.
Somos benzidos pela vida incerta, pelo canto da sereia.
As palavras sopram verdades na cara da poeta.
São cartas, curvas, precipícios e setas
E, no meio da estrada, minha dúvida resiste:
Subo, desço, desvio ou sigo?
(quando amanhecer eu decido!)

Palavras abortadas espontaneamente na madrugada do dia 19 de abril de 2009.

sábado, maio 02, 2009

Deu saudade de escrever por aqui... Tantas rimas forma feitas nesse longo silêncio! Eu queria ter dividido isso com vocês. Ter registrado: cada momento com uma palavra. Mas as vezes, temos que viver um pouquinho sem papel e sem caneta. Fazer poesia na memória. Foi isso que eu fiz, nesses últimos 10 dias.

E enquanto eu organizo as minhas lembranças, leia os textos antigos. Juro postar novidades na semana que vem!

Um beijo ao desconhecido.
e
ps -> segue um pouquinho do futuro só para inspirar... rs
e
"Os minutos escorregam do relógio quando se está com pressa. Na plataforma da rodoferroviaria, estava a mesma personagem do parágrafo acima. A mochila desarrumada nas costas, uma garrafa de água com gás, dois maços de cigarros de canela e uma enorme barra de chocolate meio amargo. Havia uma fila brasiliense para entrar no ônibus. Viajantes estranhos se entreolhavam e trocavam poucas palavras. Ela acendeu um cigarro para celebrar o costume da sua cidade, e conseguiu enfim respirar depois do longo dia."

sexta-feira, abril 03, 2009

Insônia

Ausência ou falta de sono.
Imagens antigas do meu quarto. Desenhos do Taigo Meireles e do Gabriel Mesquita.Música do Chico Buarque.

Poeminhas Insossos

I

Não pode ser sempre assim:
Parando no meio do caminho
E trocando de estrada!
Quantas paisagens já foram vistas?!
Quantas frutas saboreadas?!
Não me adapto a nenhuma.
Não sou de nada.
Meu posto parece ficar bem adiante...
Não se chega com os pés no chão,
Com os olhos secos ou certezas no coração.
Meu posto é dos aflitos.
Dos que tem conflitos.
Do elo perdido.
Da vazia mão.
No meu posto não tem majestade.
Tem malandragem e solidão.

II

Ao amor, oferecemos umbigos.
E a certeza que seremos breve.
Uma noite leve... Um coração incerto.
Esquecimento impuro e desonesto.
A maior dor é de quem caminha,
E não consegue parar.

quinta-feira, abril 02, 2009

segunda-feira, março 30, 2009

Quero fazer Nada



Depois de um fim de semana cansativo, vem a segunda-feira. E com ela, a sensação que tudo deve recomeçar, mesmo sem ter acabado ainda. A correria se estala já com o despertaDOR as 8 da matina. Parece que quando não se tem emprego fixo, a gente trabalha muito mais.

Ligações, decisões, internet. Vou digitando as letrinhas com afinco. Uma a uma. Em busca de um apoio que me deixe trabalhar em paz. Sou dependente de Sins. Vou mendigando, vendendo a alma. Tudo por amor a um deus egoísta.

Depois do almoço, tenho um tempo livre. A tarde vai ser imensa. Distribuirei 20 sorrisos de 1,99 para cada jornalista da cidade. Digestão do arroz com feijão, e uma momento mágico na rede. A descoberta sobre um clube de nadismo.

Nadismo é o simples e delicioso ato de não fazer nada! O objetivo desse clube era conjugar o verbo “nadar”, no sentido seco da coisa. Criar um momento especial que ofereça a oportunidade rara de efetivamente parar e não fazer coisa alguma.

Não pensei duas vezes e me filiei ao nada. Não são todas as segundas-feiras que achamos idéias interessantes na internet. Descobri que os eventos para a prática do nadismo são públicos e acontecem em tranqüilos parques.

Fechei os olhos e me imaginei dentro de um cubo branco, estatelada, saboreando as minhas horas vagas em pleno parque da cidade. Aquele silêncio, a mente tranqüila. A suavidade sorrindo sem a mínima pressa. Eu e o nada. Um caso de amor eterno.

Exatamente na hora do beijo, o celular gritou. Depois, o MSN chamou a minha atenção e tive que me despedir daquele doce de coco. “Pode deixar que amanhã, eu volto e trago reforço.” Em tempos de guerra, praticar o nada é coisa séria.

Segue as diretrizes da prática do Nadismo:

1- STOPNJOY!
Este tempo é totalmente seu para que você desfrute o fazer nada sem pressa.

2. ENTREGUE-SE!
Abandone a intenção de fazer nada. Esqueça qualquer objetivo, o nadismo não tem nenhum propósito.

3. SOSSEGUE!
Privilegie o silêncio e a imobilidade.

4. OBSERVE!
Evite ocupar-se mentalmente. Deixe a mente vagar como as nuvens.

Para se filiar, ler e beijar – Clube do Nadismo.

quarta-feira, março 25, 2009

Pra quem gosta de poesia, ai vai uma excelente dica! Estamos produzindo esse workshop que promete ser uma maravilha! Todo mundo que já viu a Elisa Lucinda recitando, sabe do que eu estou dizendo! Essa é a oportunidade de aprender a transformar as letras soníferas em estimulante potente! Vamos lá?

segunda-feira, março 23, 2009

Uma enorme vontade de desistir. Simples assim. De esmagar todos eles com uma força sob humana. A vida não é feita só de palavras bonitas. Há outras. Milhões delas. Que vagam por aqui. É preciso engolir muito sal até alcançar alguma coisa. E no final, as contas provavelmente não serão pagas. Levantar a bandeira, correr atrás, se expor ao ridículo. Será que é por vaidade ou ideologia? Os aplausos não continuam quando você tira a maquiagem.

terça-feira, março 17, 2009

Obscena, se enrosca sobre a minha pele enquanto durmo. Caminha nas pontas dos pés, e me morde o pescoço. Lambe as costas, beija as dobras, arranca o juízo. Você e a sua juba imensa, entrelaçada, aos meus pedaços.

Cheia, felpuda, grisalha.

Naquele quarto suado, as mãos ainda abraçam os corpos. O cheiro se espalha por toda a casa. Nossa cortina improvisada exibe o show para os vizinhos.

Você, enorme, dentro de mim. E eu, fazendo o café da manhã.

quarta-feira, março 04, 2009

Vik Muniz

Ontem me deparei com imagens belas. Não só imagens, mas palavras. Havia toques e cheiros também. E gosto, muito gosto. Um apetite enorme que nem dois dias inteiros iriam saciar. Na frente dos meus olhos, brinquedinhos de plásticos e caldas de chocolate. Sucatas de gente, açúcar de crianças. O mundo todo em forma de papel picado e a poeira desenhada.

Alice reencontrava pedaços. Buda, chaves, cartão de credito e olhos de vidro. Uma mistura contemporânea sobre a nossa simplicidade. Eu, exibida em todas aquelas fotografias, entregue para o mundo. Ora pó, ora perfume - pronta para ser cheirada.

Naquele prato sujo de molho de tomate, meduza marinava. Seguíamos de boca aberta, passo a passo, daquele jardim desenhado por ele. Lambíamos as telas, saboréavamos cores, bebíamos conceitos. Um enorme banquete de arte degustativa para famintos do terceiro mundo.

Assim - e de todas as outras formas - é o trabalho de Vik Muniz. Sua poesia perecível, seus olhos ilusorios.. A ambiguidade gostosa destilada entre o minimo e o imenso, entre diamantes e lixo, entre real e o lisérgico. É de se empanturrar de tanto sabor!



Vik Muniz

Exposição 'Vik' - Museu de Arte Moderna (MAM). Av. Infante Dom Henrique, 85. Tel: 2240-4944. Ter a sex, de 12h às 18h. Sab, dom e feriados, de 12h às 19h. R$ 8 (inteira). Até o dia 22 de março no Rio de Janeiro.


segunda-feira, fevereiro 16, 2009

estamparias de azulejos

Azulejos de Athos Bulcão
Acordei com dor de cabeça. Passei os olhos desatentos sobre o jornal. Tomei um café frio e comi o pedaço, igualmente frio, de uma pizza de ontem. Era tarde. Havia louça por lavar. Havia roupa por estender. Havia comida por fazer.

Preferir o silêncio da chuva rala que molhava a janela.

A ausência se fazia presente em cada tom dos azulejos azuis dessa cozinha, por arrumar. E eu não entendia você.

Encostado no balcão, com as ironias de sempre, de braços abertos, pedindo poesia pra sobremesa. Uma letrinha qualquer, uma rima solta. “Apenas mais um gole do nosso passado que estar por vir, querida.”

Metáforas são pimentas nos olhos. O tempo nem sempre escorre pelas beiradas. Às vezes, um amor não passa. Deixa desejos que pulsam entres os olhares escondidos num bloco de carnaval carioca.

Você sabia que eu não gostava do sorriso dela. Era falso, exagerado, estranho. Aquelas mãos de dedos finos e brancos apresentavam um cheiro de anticéptico irritante. Politicamente correta, a tua perfeita.

Enquanto nesse tempo todo, ela tinha a chave da casa, eu tentava arrombar sua janela. E agora, você decide virar estamparia do meu azulejo?

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Meu 1º Conto Erótico

Era quarta-feira. Um dia antes de começar o carnaval. E nossos corpos estavam sedentos de toque, suor, cachaça. A fantasia ficou pronta às duas da tarde. Éramos oito mocinhas fantasiadas de biquíni preto de bolinhas brancas. Num visual retro bem moderninho, seguíamos a procura de um bloco pré-carnavalesco que sairia na Praça General Osório.

Engraçado que ao encontrar a folia, já três das bolinhas foram abduzidas por uns marinheiros do Rio Grande do Sul. Eu e as outras continuamos a nossa caminhada entornando caipirinhas, beijando desconhecidos e cantando marchinhas de carnaval.

Na metade do bloco, começou a cair o céu. Era água para todos os lados, a gente nadava e se amassava com qualquer um. Lembro que estava aos beijos com um palhaço carioca, quando a mão da Carol me puxou e entramos as duas em um pub irlandês. A Carol ainda não tinha desenvolvido a técnica de fazer xixi em qualquer lugar, e achou que a Irlanda seria uma boa opção.

Ao entrar no bar, encharcadas e com um palmo de tecido preto de bolinhas brancas, cobrindo o corpinho, viramos alvo de todos os olhares da platéia. O bar estava atolado de gringos branquelos, casalzinhos sem sal e um barman delicioso.

Enquanto a minha amiga correu para sua redenção, eu tratei de sentar no balcão e pedir uma caipirinha de morango com gengibre. Adoro gengibre e todas as suas variações. O barman delicioso amassava as frutinhas, enquanto eu jogava charme fazendo perguntas idiotas.

Tinha um sotaque de paulista e um corpo super definido. "Quantas horas ele devia perder na academia pra ficar daquele jeito? Um homem desse só serve pra trepar mesmo... Alias deve ter um fôlego! ". Tenho que admitir que depois das várias doses entornadas no tal bloco de carnaval, antes de chegar à Irlanda, fez com que esse fato, de só saber trepar, já me deixasse bem atiçada.

Meu drink ficou pronto, minha amiga chegou. Rapidamente, Carol foi convencida pela bunda de Rodrigo (ou seria Marcelo?) que devíamos esquecer o lamaçal carnavalesco e nos mantermos ali, assediando a apetitosa caipirinha da noite. Descobrimos no terceiro copo que Marcelo (ou seria Rodrigo?) tinha se mudado para o rio há dois anos, era formado em direito e acabava de romper um namoro conturbado com uma menina qualquer. Nosso barman gostoso estava triste de dá dó, e nós duas, subindo pelas paredes.

Algumas horas depois estávamos íntimas da nossa presa e ela fazia questão de não demonstrar preferência por nenhuma de nós. Atenciosa, jogando charme e entupindo a gente de cachaça, a noite foi passando depressa. De repente, só estávamos eu e Carol no pub. Uma moça acabando de passar o pano no chão, e os garçons indo embora. Rodrigo (ou seria Marcelo?) tinha a obrigação de trancar o estabelecimento e pediu pra gente esperar.

Puxei minha comparsa num canto. O que faríamos com um homem daquele tamanho, e ainda por cima carente? Sugeri a divisão de irmã. Tinha certeza que ninguém ia sair no prejuízo, mas Carol era avessa a mulheres. Era daquelas pessoas que morrem de vontade de experimentar, mas não tem coragem de dar o primeiro passo. Expliquei que isso era uma bobagem, ainda mais depois da quantidade de álcool que tínhamos no sangue. "Pra que pensar no amanhã, quando o hoje tá de pernas abertas?"

Às vezes acho que devia ter sido publicitária. Joguei um pouquinho da minha filosofia barata de boteco e Carol estava convencida, apenas me pediu para eu manter a minha boca longe. "Nada de lambeções!", disse meio que nervosa, meio que excitada. Bom, dei uma risada e continuei o plano.

O Marcelo voltou da cozinha e pediu pra gente fechar a conta. Pagamos a bagatela de 45 reais e 72 centavos. Ainda bem que a chuva não tinha molhado o meu cartão de crédito. A medrosa da Carol começou a se despedir de Rodrigo, e eu via a chance do ménage à tróis dos sonhos escorrer pela privada. Precisava fazer algo muito rápido. Foi aí que soltei o convite pra esticarmos a noite no meu apê alugado em Copa. O Barman olhou pra mim com os olhos brilhantes. E cinco minutos depois, estávamos andando os três pelo calçadão.

Chegamos à minha pequena casa. Mais vodca, jazz na vitrola e um sofá de couro branco. Surpreendo Carol com um beijo, Rodrigo enfia a tua língua dentro da gente. As mãos começam a dançar sobre os corpos e, as nossas fantasias de bolinhas enfeitam o chão. Três corpos nus, destituídos de regras e cobertos de vontades. Orifícios são lambidos, peitos abertos, mordidas aprovadas.

Uma língua macia me lambe, outra certifica meu batimento cardíaco. Beijos são trocados numa variação rítmica intensa. Meus dedos dialogam com os segredos de Carol, a minha boca busca sugar todo gosto de Marcelo. Minha alma pertence ao infinito. Entradas, saídas, encontros, despedidas. Tudo parece rodar sobre as nossas cabeças, naquele pequeno apartamento. O suor transforma um corpo em algo leve, liso e altamente adaptado ao outro corpo. Ao outro não, aos outros. Acendesse um incenso hedonista, que abarca todos os cheiros e recheios daquela sala.

Em pé, no meio, entregue. Ela beijava os meus lábios, meus ombros e meus seios. Ele lambia a minha nunca, mordia as minhas costas e me chupava incansavelmente. Fui desmontando até o chão, e aquelas bocas me seguiram. Conversavam. Arrancavam pedaços. As mãos dele puxaram o meu quadril, e me conduziam até seu pau. Aberta, escancarada, eu recebia aquela benção. Travava o objeto do meu desejo entre as minhas pernas. Ele metendo com tal facilidade, num crescente, enquanto eu cravava as minhas unhas pretas com força nas tuas costas e o jazz tocava ao fundo.

Somos partes espalhadas sobre o chão. Somos líquidos escorrendo pelas paredes. Estamos sós, inteiros, submersos. Somos três vozes que ecoam todos os desejos do mundo.

Devia ser onze horas da manhã, quando escutei a porta bater. Manhã de Carnaval. Marcelo/Rodrigo tinha se soltado do nosso emaranhado de corpos, e desaparecido. Carol permanecia pelada e apagada com a cabeça no pufe, e eu me levantei como pude, e fui pegar um copo d’água. Abri a geladeira, achei uma lata de coca, enchi o copo de gelo e encharquei minha ressaca. Sorri, sozinha, por dez minutos. Era carnaval.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

O abraço da minha camA

A Internet tem dessas coisas... De vez enquando, encontramos algumas delicadezas espalhadas por aqui. Esse vídeo foi um presente para o meu dia. Acordei super cedo hoje! Tinha dormido apenas 4 horas e passei o dia recheado por um mau humor terrível, correndo de um lado para o outro... Enfim, só fiquei feliz quando voltei para minha cama no meio da tarde...rs
Aproveite e Boa sonhos!
Juro que amanhã tem algo interessante por aqui...
Hoje não. Hoje só tem ausência.

domingo, fevereiro 01, 2009

Re-Partido


Meu coração é uma soma

de todos os pedaços doados

pelas ruas sem esquinas.


É ausência de

um constante pulsar específico.


É a mistura de sotaques

que se instala num peito

vazio e grávido.


Bobo, poeta, escroto.

Meu coração sua a cada rima,

se despede a cada encontro.


Embalado para presente.

Ao viajante, outra parte.

Re-partida. Reticências.


Mais uma vez... meu coração,

não é meu.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Por vezes, sou entupida por palavras tímidas. Dessas que não dão bom dia nem para o espelho, e costumam se esconder atrás de saias antigas. Brotam em forma de lágrimas, de cheiros, de toques inoportunos. Um dicionário desordenado, de inúmeros significados e nenhuma rima. Sou letra muda, trancada num coração vazio.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

poderia contar todas as minhas lembranças daquela terra encantada. das pessoas que passaram. das que permanecerão. narrar verdades ilusórias psicografadas em cores ácidas. mas prefiro me calar. deixar o silencio e a pagina em branco falar. minha solidão rege a ventania.