Antes de começar, é importante ressaltar que amar é fácil. Não depende de época ou estação do ano. Esse ato está acima das tendências. Para amar, basta olhar pro lado. Simples assim. Na prática a gente tenta complicar, difamar o sentimento, reclamar das amarguras do passado. Mas a realidade é uma só: o amor não depende das outras faces, mas sim do nosso espelho. É como o Tom Zé já cantou, o amor é um verdadeiro egoísta e só pensa em si.
Na verdade, ele está ai dentro, esperando você dar espaço. Fique tranqüilo, vazio, que quando você quiser, o amor vai tomar conta de ti. Falo isso de carteirinha, afinal sou filiada no partido do poetinha. Assim como Vinicius, eu só vivo por amor. Não sei o número ao certo, mas lembro de cada detalhe. Meus amores de um dia, de quatro anos, de validade indeterminada.
Eles abraçam de sorriso e de tristeza. E como se a minha vida se resumisse em esse eterno balançar entre amar e (des)amar. Uma procura incansável por uma poesia que não pereça com o tempo ou com um querer do outro por uma terceira pessoa. A vontade de se esparramar num sentimento ambíguo que parece escorrer das nossas mãos a cada tentativa de aproximação. Um amor involuntário e incondicional.
Ultimamente acredito que o principal recheio para se viver de amor é a coragem. E é por isso que Vinicius deveria ser eleito o maior herói nacional. Como sobreviver a rejeição de um beijo apaixonado? Ou se atirar de cabeça em algo tão efêmero e fugaz? Como se por disponível depois de uma serie de incontáveis de tombos? Pois como todo mundo sabe, sofrer de amor dói. Rasga o peito. Cobre a alma de lágrimas. Fere até o último centímetro de pele do dedo mindinho do pé.
Sou visitada por um medo incontrolável do amor. É como se soubesse que depois daquele encontro mágico, entre as duas almas perdidas, algo certamente vai se quebrar. Um jogo estranho de perdedores, onde o ego e o medo são os nossos maiores rivais. Mas não se pode amar sem risco. E também, no caso dos poetas, não se pode viver sem amar. Por isso, proponho um brinde ao amor. Ora doce, ora amargo. Mas sempre presente na próxima quadra.
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