sexta-feira, julho 31, 2015

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Se você anda descalço, vai sujar os pés. E de que serve o caminho se você não se...? É preferível limpar a lama mais tarde. Para calos, água quente. “Vamos subir juntas até o alto da montanha? Você quer fincar uma bandeira? Não, apenas ver a vista.” Seguiram ao céu. Evitavam olhar pra baixo. Tropeçavam em pedras soltas. Beijavam o desafio. Era preciso entrega para se lambuzar na delicadeza. Subiram muito. Equilíbrio e euforia. O tempo necessário pra saborear cada parte da trilha. De uma, da outra. Não houve pausa. Nem pressa para chegar ao topo. Risco também era impulso. Olhar de cima, pequena para ser imensa. No ápice, sentaram de frente. Enxergamos os detalhes. Não era o todo que impressionava, mas as minucias somadas. A experiência percorre os poros. Já não sabiam qual era o gosto do próprio nome. A aventura mistura, pertence. Ficaram paradas. Quatro voltas do sol. O mundo seguia. Era preciso descer. “Como deixar as nuvens? Lá embaixo, ainda há céu.” Cada coisa, o que era de quem? Estavam contaminadas pelo tempo. Talvez usassem as mesmas expressões. Perceberam-se quase irmãs. As cicatrizes nos pés certificavam a longa jornada. A montanha no mesmo lugar. E assim, preferiram descer separadas.

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