terça-feira, fevereiro 10, 2009

Meu 1º Conto Erótico

Era quarta-feira. Um dia antes de começar o carnaval. E nossos corpos estavam sedentos de toque, suor, cachaça. A fantasia ficou pronta às duas da tarde. Éramos oito mocinhas fantasiadas de biquíni preto de bolinhas brancas. Num visual retro bem moderninho, seguíamos a procura de um bloco pré-carnavalesco que sairia na Praça General Osório.

Engraçado que ao encontrar a folia, já três das bolinhas foram abduzidas por uns marinheiros do Rio Grande do Sul. Eu e as outras continuamos a nossa caminhada entornando caipirinhas, beijando desconhecidos e cantando marchinhas de carnaval.

Na metade do bloco, começou a cair o céu. Era água para todos os lados, a gente nadava e se amassava com qualquer um. Lembro que estava aos beijos com um palhaço carioca, quando a mão da Carol me puxou e entramos as duas em um pub irlandês. A Carol ainda não tinha desenvolvido a técnica de fazer xixi em qualquer lugar, e achou que a Irlanda seria uma boa opção.

Ao entrar no bar, encharcadas e com um palmo de tecido preto de bolinhas brancas, cobrindo o corpinho, viramos alvo de todos os olhares da platéia. O bar estava atolado de gringos branquelos, casalzinhos sem sal e um barman delicioso.

Enquanto a minha amiga correu para sua redenção, eu tratei de sentar no balcão e pedir uma caipirinha de morango com gengibre. Adoro gengibre e todas as suas variações. O barman delicioso amassava as frutinhas, enquanto eu jogava charme fazendo perguntas idiotas.

Tinha um sotaque de paulista e um corpo super definido. "Quantas horas ele devia perder na academia pra ficar daquele jeito? Um homem desse só serve pra trepar mesmo... Alias deve ter um fôlego! ". Tenho que admitir que depois das várias doses entornadas no tal bloco de carnaval, antes de chegar à Irlanda, fez com que esse fato, de só saber trepar, já me deixasse bem atiçada.

Meu drink ficou pronto, minha amiga chegou. Rapidamente, Carol foi convencida pela bunda de Rodrigo (ou seria Marcelo?) que devíamos esquecer o lamaçal carnavalesco e nos mantermos ali, assediando a apetitosa caipirinha da noite. Descobrimos no terceiro copo que Marcelo (ou seria Rodrigo?) tinha se mudado para o rio há dois anos, era formado em direito e acabava de romper um namoro conturbado com uma menina qualquer. Nosso barman gostoso estava triste de dá dó, e nós duas, subindo pelas paredes.

Algumas horas depois estávamos íntimas da nossa presa e ela fazia questão de não demonstrar preferência por nenhuma de nós. Atenciosa, jogando charme e entupindo a gente de cachaça, a noite foi passando depressa. De repente, só estávamos eu e Carol no pub. Uma moça acabando de passar o pano no chão, e os garçons indo embora. Rodrigo (ou seria Marcelo?) tinha a obrigação de trancar o estabelecimento e pediu pra gente esperar.

Puxei minha comparsa num canto. O que faríamos com um homem daquele tamanho, e ainda por cima carente? Sugeri a divisão de irmã. Tinha certeza que ninguém ia sair no prejuízo, mas Carol era avessa a mulheres. Era daquelas pessoas que morrem de vontade de experimentar, mas não tem coragem de dar o primeiro passo. Expliquei que isso era uma bobagem, ainda mais depois da quantidade de álcool que tínhamos no sangue. "Pra que pensar no amanhã, quando o hoje tá de pernas abertas?"

Às vezes acho que devia ter sido publicitária. Joguei um pouquinho da minha filosofia barata de boteco e Carol estava convencida, apenas me pediu para eu manter a minha boca longe. "Nada de lambeções!", disse meio que nervosa, meio que excitada. Bom, dei uma risada e continuei o plano.

O Marcelo voltou da cozinha e pediu pra gente fechar a conta. Pagamos a bagatela de 45 reais e 72 centavos. Ainda bem que a chuva não tinha molhado o meu cartão de crédito. A medrosa da Carol começou a se despedir de Rodrigo, e eu via a chance do ménage à tróis dos sonhos escorrer pela privada. Precisava fazer algo muito rápido. Foi aí que soltei o convite pra esticarmos a noite no meu apê alugado em Copa. O Barman olhou pra mim com os olhos brilhantes. E cinco minutos depois, estávamos andando os três pelo calçadão.

Chegamos à minha pequena casa. Mais vodca, jazz na vitrola e um sofá de couro branco. Surpreendo Carol com um beijo, Rodrigo enfia a tua língua dentro da gente. As mãos começam a dançar sobre os corpos e, as nossas fantasias de bolinhas enfeitam o chão. Três corpos nus, destituídos de regras e cobertos de vontades. Orifícios são lambidos, peitos abertos, mordidas aprovadas.

Uma língua macia me lambe, outra certifica meu batimento cardíaco. Beijos são trocados numa variação rítmica intensa. Meus dedos dialogam com os segredos de Carol, a minha boca busca sugar todo gosto de Marcelo. Minha alma pertence ao infinito. Entradas, saídas, encontros, despedidas. Tudo parece rodar sobre as nossas cabeças, naquele pequeno apartamento. O suor transforma um corpo em algo leve, liso e altamente adaptado ao outro corpo. Ao outro não, aos outros. Acendesse um incenso hedonista, que abarca todos os cheiros e recheios daquela sala.

Em pé, no meio, entregue. Ela beijava os meus lábios, meus ombros e meus seios. Ele lambia a minha nunca, mordia as minhas costas e me chupava incansavelmente. Fui desmontando até o chão, e aquelas bocas me seguiram. Conversavam. Arrancavam pedaços. As mãos dele puxaram o meu quadril, e me conduziam até seu pau. Aberta, escancarada, eu recebia aquela benção. Travava o objeto do meu desejo entre as minhas pernas. Ele metendo com tal facilidade, num crescente, enquanto eu cravava as minhas unhas pretas com força nas tuas costas e o jazz tocava ao fundo.

Somos partes espalhadas sobre o chão. Somos líquidos escorrendo pelas paredes. Estamos sós, inteiros, submersos. Somos três vozes que ecoam todos os desejos do mundo.

Devia ser onze horas da manhã, quando escutei a porta bater. Manhã de Carnaval. Marcelo/Rodrigo tinha se soltado do nosso emaranhado de corpos, e desaparecido. Carol permanecia pelada e apagada com a cabeça no pufe, e eu me levantei como pude, e fui pegar um copo d’água. Abri a geladeira, achei uma lata de coca, enchi o copo de gelo e encharquei minha ressaca. Sorri, sozinha, por dez minutos. Era carnaval.

14 comentários:

adaltoserra disse...

Soberbo...

Klotz disse...

Parabéns.

Agora que você já conhece o caminho que passa pelos pubs irlandeses, você já pode escrever o segundo, o terceiro e vários outros contos eróticos. Estimule sua veia publicitária, alguma grande agência irá contratá-la.

Anônimo disse...

"Marcelo ou Rodrigo?" kkk...um pouco de veia cômica também!

Anônimo disse...

sorriu sozinha por 10 minutos, e o pobre do barman chorou de saudade pelo resto da vida.

Princesa Sisi disse...

d=

Adeilton Lima disse...

"Pra que pensar no amanhã, quando o hoje tá de pernas abertas?"
Parabéns!
Beijoca!
Adeilton

Anônimo disse...

Demais, Paty!
Como disse o Klotz, não pára!
Beijos.

Anônimo disse...

Amiga como disse no orkut, repito aqui. Adorei este conto e só você para ser tão sincera num espaço tão aberto.
O mundo seria mais feliz se todas as pessoas fossem tão livres como você.
Te adoroooooooooo...ah e já to no Dr. André viu?

bjuus

AlexandreComar disse...

Linda, achei o maximo, vc tem futuro, a muito queria ver seu blog mas nunca lembrava o endereco, agora nao esqueco mais. beijos, saudades de vc.

Unknown disse...

Voce mistura muito bem o fogo e a poesia. Pitadas de humor foram um presente atípico e muito bem aceito!
Obrigado por me fazer sorrir, foguear e admira-la mais uma vez!

Poeta Punk disse...

Fantastico, muito bom, extasiante excitante ....Serio mesmo!!!

Flávio Bougleux disse...

Excelente a escrita, perfeita a passagem.

Aplausos!

daniel disse...

esse conto é um atentado contra meu projeto de ser monge...

"Uma língua macia me lambe, outra certifica meu batimento cardíaco" foi minha frase preferida.

Anônimo disse...

Magnífico cuento. Felicitaciones!