Tem lama na minha garganta. E a minha voz tá mais rouca que o normal. Sinto que não adianta esticar as minhas mãos para tentar agarrar o que certamente não quer ser meu. Meus cabelos estão longos com essa espera inútil. E a saudade continua a mesma. É como se não tivesse chegado. É como tivesse se perdido por ai. É como houvesse uma música arranhada dentro do meu disco favorito. Essa esperança morta me beija ao amanhecer. Os meus versos são rasgados um a um. Meu desejo é destruído lentamente de uma forma tola e dolorosa. Tenho uma fome insaciável. Tenho uma dor muda. Tenho uma tática falida. Recebo um beijo no canto da boca que atiça a minha língua nervosa. Gritos seriam providenciais nesse instante. Eu conheço bem a previsão do futuro e chego a sentir saudade daquele passado inventado. Pra onde foi, em? Pra onde foi a poesia que estava aqui? A ausência que cobre o meu peito me deixa ainda mais bonita. E eu sou atacada por olhares indesejados. Todas as bocas querem a minha. Todas as mãos, os meus pedaços. Mas eu ainda tenho como foco aquele mesmo vazio. É como se a minha pele quisesse redescobrir o cheiro daquela rima perdida, a fuga aumentasse o desejo do caçador pela presa e o quase beijo me levasse a um desespero agradável. É, talvez a loucura seja um caminho sem volta.
2 comentários:
"Recebo um beijo no canto da boca que atiça a minha língua nervosa"! É lindo o que essas coisas fazem pela artista.
"Essa esperança morta me beija ao amanhecer. Os meus versos são rasgados um a um. Meu desejo é destruído lentamente de uma forma tola e dolorosa." Perfeito.
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