terça-feira, setembro 30, 2008

Ato de depilar I

Fazem caras e bocas,
cAbelo, pêlO, peNteLHo
Crescem sem vergonha
Se exibem no meu espelho.

Íntimos do tempo,
Escancaram o não toque.
Me enchem de raiva
E pedem sempre retoque

Se alongam com a espera,
Se alisam com a preguiça,
Emaranhado de quereres,
É a vida que enguiça.

Gilete, Pinça, Cera
Exterminar o natural.
Arrancar memorias póstumas.
Minha atitude feminina e banal.

Os poros estão abertos,
os pêlos cobrem o chão.
Por que meus problemas não
são arrancados com uma boa depilação?

Sem pêlos, só pele.
Estarei a dançar.
Macia me machuco
A espera de um tocar.

2 comentários:

PHeuliz disse...

Muito muito muito bom este!! Já pensou em escrever um livro,.queria dar de presente para alguém teus escritos!!
bjs

Anônimo disse...

Paty, admiro muito essa sua coragem de expor coisas que, em geral, a gente vê ser só das pessoas, está na rotina de todas e elas nem pensam em comentar. Você mostra isso tudo com uma naturalidade tal que não há espaços para constrangimentos, só para entendimentos.