sexta-feira, agosto 22, 2008

Entrelinhas

Há lágrimas nos meus olhos. Um mar delas. Nem sei porque elas caem nesse momento, apenas sinto o gosto salgado na boca. Enquanto o Caetano canta, a dor invade o quarto. É como se tivessem arrancado uma parte de mim. Pra onde foi tudo? Será que nunca existiu? A realidade insiste em bater na porra da porta. Pra que nomes, pra que situações, pra que a fuga? Não mordo, nem mato. Acordo sempre com esse sonho estranho. Não quero um salvador. Não quero um pau efêmero.Nem instantes corridos. Quero poesia. Um beijo no meio das costas. O tempo instantâneo de um amor imaturo. Quero que pegue na minha mão e suma. Quero mais, mas falta muito. A verdade é que nada tem importância pra mim, só a paixão rasgada. Estranha, essa sensação de vazio que me visita agora. De ser indesejada. Descontínua. Perecível. Tudo passa tão rápido que marca. Devia esquecer, me perder e fingir. Mas sinto essa dor gritada, o cheiro pré-anunciado da solidão e, mais uma vez, sinto muito medo de mim.


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