Não queria sair dali. Preferia ficar deitada naquela cama emprestada. No apartamento que, de certa forma, era deles. Estavam trancados há cinco longos dias. Nem o sol, nem a praia, nem o pão de açúcar. A sua felicidade se resumia na conjunção com um corpo específico de sotaque diferente. Cada risada, cada apelido inventado. O chocolate dividido entre as bocas irmãs. Havia um oceano particular a ser desvendado a cada musica que tocava na vitrola.
E agora ? - ela pensava em silêncio.
Imbuída de carnaval, havia a certeza necessária para tracejar um plano impossível: um romance digno daquela estante. Ela gostava do móvel branco. E pela quantidade de autores, desconfiava que o dono legítimo do quarto fosse um bom escritor. Às vezes, quando teu amor dormia, ela levantava, escolhia um livro e abria páginas ao acaso. Por milagre, lia apenas palavras belas. Eram como se a poesia construída naquele apartamento já estivesse escrita em todos os livros da estante. Ficava calada, de olhos atentos. A poeta de meia tigela virava leitora entusiasta. Ela suplicava que aquele homem não a acordasse naquele instante.
Pra quer escrever romances, quando se vive um?
E agora ? - ela pensava em silêncio.
Imbuída de carnaval, havia a certeza necessária para tracejar um plano impossível: um romance digno daquela estante. Ela gostava do móvel branco. E pela quantidade de autores, desconfiava que o dono legítimo do quarto fosse um bom escritor. Às vezes, quando teu amor dormia, ela levantava, escolhia um livro e abria páginas ao acaso. Por milagre, lia apenas palavras belas. Eram como se a poesia construída naquele apartamento já estivesse escrita em todos os livros da estante. Ficava calada, de olhos atentos. A poeta de meia tigela virava leitora entusiasta. Ela suplicava que aquele homem não a acordasse naquele instante.
Pra quer escrever romances, quando se vive um?
Um comentário:
Adorável. Escrever romances, realmente, é para quem vive de passado remoto. ^^
Como eu, talvez.
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