O profundo silêncio que se
escuta. Eco de liberdade. Fios de cabelo no chão. Quantos cairão até o final do último parágrafo? Eu celebro o ato de
descamar diariamente. Um pedaço de pele. Um
pedaço de unha. Um pedaço de palavra. Esfrego a minha senhora, enquanto
tomo banho. Retiro o cheiro dela, disfarço o gosto, camuflo o medo. Eu entrego, sem objeções, o meu império. Os
pés dançam sob o abismo velado a espera diária por uma solução eficaz. Eu bebo
a minha eternidade no café da manhã. Assopro as certezas para longe. Peço para
que em breve, não haja mais chão. Nem buracos. Nem padrões. O meu tempo deve ser
todo consumido. Me despeço enquanto apago as memórias deixadas. Intercessões,
alegrias, dores, marcas, as cicatrizes e afins. Os pormenores serão abortados.
Até que tudo vire ausência. E o acaso me transforme em lembrança.
2 comentários:
Isso está muito muito bom!
CADA VEZ MAIS SEU FÃ.
BJO.
ANTONIO BALBINO
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