domingo, agosto 28, 2011

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Pode parecer estranho, mas eu não gosto de sábado. Principalmente das suas madrugadas secas. Quer dizer, não é que não gosto. Apenas não o entendo da forma tradicional. Gosto de outra maneira. Tenho sábados solitários. Prefiro ficar em casa. Ler, estudar, escrever. Há um estado melancólico no quarto. O telefone toca. Diversas vezes. E eu, o silencio. As pessoas são vidradas em sábados noturnos. Não respeitam a minha necessidade de solidão. De confinamento. De pausa. É tão calmo estar entre as cobertas, comendo algo ou tomando uma dose. Parece que a vida se cala nessas noites. E como se eu estivesse sozinha no mundo. Sem família, amores, pendências. E como se eu me encontrasse pra bater papo. Ou encontrasse alguém, um sábio, nas linhas do autor escolhido pra noite. Hoje, faço amor delicado com o Húngaro. De verdade, Sándor Márai. Ele me doutrina sobre amor, solidão e dinheiro. E eu abro as minhas pernas e sorvo a sua literatura. Deixo aqui parte, das palavras que ele sussurra no meu ouvido:

Um dia despertei, sentei na cama e sorri. Nada mais doía. E de súbito compreendi que não existia mulher de verdade. Nem na terra nem no céu. Não existe em lugar algum, aquela. Existem apenas pessoas, e em todas há um grão da verdadeira, e nenhuma delas tem o que do outro nós esperamos e desejamos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Devir Márai, mulher e toda potencialidade poética. Gostei.