quinta-feira, julho 02, 2009

Deu uma vontade inacreditável de sair de casa nessa madrugada de domingo para segunda. Palavras estão sendo escritas sobre o tal dia. Mas ainda não tive coragem de escolher as rimas exatas. De dar o tom certo para o texto. Por isso, não postei. A verdade é que ando bem desleixada com esse blog. Ele está um misto de lamento e justificativas. Encarar os meus textos para o livro me deu uma boa brochada. É muito difícil eu reler minhas letras. Eu me sinto uma babaca imatura. Clichê. Uma insegurança enorme. Parece que todas estão embaralhadas. Que vaidade é essa de me intitular como escritora agora? O que são meus textos perto dos meus livros favoritos? Ninguém. Falta ler, viver, imaginar, dedicar, rezar, ousar, errar. São mil verbos para serem conjugados apenas por dois sujeitos. Eu e o meu ego gigantesco.

Tudo bem, leitores. Minha intoxicação por excesso de mim passa rápido. Mas como sei que é um saco entrar aqui e não ler nada de muito interessante, ai vai um pouco de Clarice Lispector ( para alegrar a noite) :

Brasília é construída na linha do horizonte. - Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo quando foi criado. (...) Mas se digo que Brasília é a imagem de minha insônia, vêem nisso uma acusação; mas a minha insônia não é bonita nem feia - minha insônia sou eu, é vivida, é o meu espanto. Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil; eles ergueram o espanto deles, e deixaram o espanto inexplicado. A criação não é uma compreensão, é um novo mistério. - Quando morri, um dia abri os olhos e era Brasília. Eu estava sozinha no mundo. Havia um táxi parado. Sem chofer.
espaço
texto sobre Brasília - originalmente publicado no Jornal do Brasil, em 20 de junho de 1970. Leia o texto na integra blog olhar estrangeiro!
beijo

Um comentário:

aniliah disse...

Paty achei muito, muito lindo seu livro... não canso de mostrar pra todo mundo, cheia de orgulho...
me conta como vc fez ele, sua pretensão é publicá-lo mesmo, ou só ficar virtual >>>>