Tinha um desvio no meio do caminho,
Assim como a pedra, tinha o desvio.
Tinha um grupo de amigos, tinha uma filha
E principalmente tinha uma fuga.
Eu estava no meio, como coadjuvante.
O que entender desse meu amante?
Que não me come, que não me beija.
Que não me surpreende no meio do banho.
Há de ser um fim de grande tamanho
Que se segue nesse meu caminho.
Eu que vim de longe, eu que viajei o mundo
Eu que me perdi seu corpo em poucos segundos...
Conjuguei a palavra saudade,calcei pedra por pedra desse chão.
Agora me fala o que eu faço para colar esse meu coração?
Não sou poesia fria, não sou mulher calada.
E mesmo com corpo em chamas, ele me cobre de nevoada.
Eu que não tenho casaco, eu que não tenho morada.
Eu que segui por esse caminho e perdi em sua cilada.
Há uma cozinha fria, há as lágrimas no colchão
Minha confusão de sentidos me jogou no meio da contra mão.
Não se pode esperar promessas ou construir castelos de areia.
Somos benzidos pela vida incerta, pelo canto da sereia.
As palavras sopram verdades na cara da poeta.
São cartas, curvas, precipícios e setas
E, no meio da estrada, minha dúvida resiste:
Subo, desço, desvio ou sigo?
(quando amanhecer eu decido!)
Palavras abortadas espontaneamente na madrugada do dia 19 de abril de 2009.
segunda-feira, maio 04, 2009
Com Licença Poética do Carlos Drummond de Andrade
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3 comentários:
bravíssima!
muita benção nesse chão de pedra
que teus pés calçam...acho que as vezes os caminhos são mesmo nas pedras, mas pra quem tem tato pra sentir tudo à flor da pele até o chão fala, e o pé escuta...na ganãncia por pele, vale até andar de quatro, puxar as mémorias ancestrais do chão...com os pés e as mãos!
nos vemos andando selvagem e ariscamente por aí!
bjs!
pra quem conhece toda a história entende o quão foi longo e penoso esse seu desvio...
bjs anih
belo poema, patrycia.
cheio de intensidade e amor à vida.
valeu!
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