quarta-feira, maio 07, 2008

Desabafo

Vontade de vomitar tudo. De gritar para os quatro cantos. Desentupir a garganta, o coração e a cabeça. Esquecer toda essa dor envolvida e embalada pra viagem. Porque o mundo resolveu despencar, logo agora, que eu tava tão ocupada? Pais acidentados, pé na bunda, britadeira no ouvido e uma tentativa de suicídio básica. Todos esses ingredientes dançam sobre a minha cabeça pesada. E como pesa essa cabeça, essa mala e esses sonhos tolos. Será que ela não vem? Risos nervosos de uma desconcentração infantil. Sorriso falso. Lugar falso. E só a dor é verdadeira. Será? Falta entrega, disponibilidade, risco. Você luta com o mundo inteiro pra fazer isso? E as lágrimas que deviam aparecer no palco, caem no banheiro infectado de formigas sedentas. Da onde vem todas essas formigas ridículas? Choro, grito, esperneio pra o meu espelho velho, que de mágico não tem nada. Onde tão as respostas? Imagem torta e embasada. Só. De novo só. Errei o lugar, a pessoa, a esperança, a porra toda. “Agora mesmo, tinha certeza, que você estava a minha volta”. Por favor, volta. Quero a sua música ao amanhecer. Espera. “Espera que passa”. E a espera, passa? Não, pulsa. É como se não adiantasse fugir, mudar o foco, olhar para lado... Estamos todos no mesmo barco furado. A garganta entupida pede pra falar, mas a voz não sai. E eu continuo parada, com a mesma mascara de sempre, enquanto o mundo vai se dissolvendo rapidamente. Quer saber? Queria mesmo era um doce, ou então, morrer um pouco de vez em quando.

2 comentários:

Marina Ramos disse...

eu prefiro morrer um pouco
de vez em quando

Ju Marques disse...

Estava procurando algo que se parecesse com meu dia de hoje. Encontrei aqui.

Mas não morre não. E escreve sempre.

beijo