Tampa,
mordaça. Água parada. O martelo que estilhaça o prego. Mantenho-me longe de
mim, amorfa. Como o que se espatifasse, não fosse a vontade de continuar, mas
apenas lágrimas. Ignoro a certeza, as tais escolhas que me levam ao vazio. O
beijo trocado, o toque doce. Um pequeno passo e dentro dele, o furacão. A falta
de coragem de escolher o outro caminho. As mãos cerradas, o coração aberto, mas
submerso. Sem fôlego. A imensidão da mediocridade. Assim, me vejo, nesse oco. O
pequenino espaço frágil empestado de mofo. Percebe o retrato, ele está em
volta, corroendo a imagem, mas mantém a moldura firme, de madeira clara.
Vestido rosa choque, echarpe no pescoço. Há um sorriso vago, quase forçado. E o
cheiro forte da putrefação. Os amigos íntimos
vão cobrindo os cantos, se alastrando sobre o meu cabelo. Foto antiga e
clichê. A virgindade rosada abre espaço para o verde, o cinza, o branco. As
mãos fétidas, beijos déspotas. O objeto vergonhoso, por um ano retirado da
parede, em dia raivoso, e posto ali, na varanda, para que a chuva corroesse. Sou
a enchente que leva a casa ou uma mulher que se atira na frente do carro.
Um comentário:
QUE BM QUE VOLTOU A PUBLICAR NO BLOG.
ANTONIO BALBINO
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