Triste é saber
que tudo passa. Que em breve terei que reler cartas mofadas para tentar buscar
aquele cheiro, aquele gemido. O timbre que parece continuar na cabeça, mas que
na verdade, já se perdeu entre um orgulho e outro. Como é difícil caminhar
passos tão semelhantes, mesmo que em caminhos diversos. A dor permanece
traçada, incrustada na pele. Pouco importa o dia da semana ou o salário do mês.
Solidão é está inapto dentro de uma cortina de fumaças. É não se misturar, não
achar graça em quase nada. É a incompetência generalizada de saber sorrir.
Todas as palavras se repetem. Sempre. As relações. O eu te amo. Nada disso me
pertence de verdade. Somente o corte vertical bem no meio do corpo. Aberto de
novo. Desnecessária. Rocha trincada. Distribuo as mentiras. O som do corpo que
despenca. Corroída. Putrefata. Tudo é passagem, e pela falta de afeto, do
desejo de estar presente, eu me descarto. Nada de muito importante, digo em voz
alta. Tons apagados. Ou sépia - pela moda, pelo desgaste. Não me reciclo. Não mudo
os conceitos. Opto pelo silêncio, pelo monólogo partido. Hoje, eu só declamo
para os meus fios de cabelo.
2 comentários:
PROZAC OU SEXO? MAS NUNCA PROSAICO.
hoje vai rolar a Bienal do B — Poesia na rua.312 norte.
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