quarta-feira, janeiro 27, 2010

Twitter e Carpinejar

Adoro as frases do Carpinejar. Hoje, reativando meu Twitter, encontrei o dele. Deixo o endereço dele aqui. Segue suas boas linhas:

  • A desculpa é furada de propósito, para a mentira conseguir respirar.
  • Toda despedida é reincidente.
  • Costumamos chamar de amor o que a gente já conhece. Mas o amor é justamente o que não sabemos e talvez o que não podemos suportar.
  • Não inventaram um afrodisíaco tão bom quanto o desespero.
  • A poesia é um quebra-cabeça ao contrário, só se completa tirando peças.
  • Não deixo de acreditar nas coisas porque não existem. Eu também posso me inventar para elas.
  • A alegria não aceita parcelamento, é sempre à vista. Gasta-se na hora.
  • O sexo foi bom quando recolhemos as roupas do chão no dia seguinte e dobramos como se fossem novas.
  • Sempre que me desobedeci, eu me encontrei.
  • Escrever não é desistir de falar, é empurrar o silêncio para fora.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Depois do fim, tudo é começo.

Fragmentos

Todas as mulheres do mundo surtam. Eu não seria diferente. Não está ligado há maturidade ou educação. O surto é uma condição inerente ao sexo feminino. Não posso falar sobre o outro gênero por motivos óbvios. Pouco importa essa discussão sexista. O que importa é o ato em si. É a liberdade provocada pelo surto.

Quatro horas de sono. Pelo terceiro dia consecutivo. Nenhum remédio acalma o mar agitado. A exaustão estava impregnada. O corpo era machado de tons roxos por todos os lados. Pedia um carinho específico. A saudade estava latente e eu comecei a sangrar as cinco da tarde.

O sangue celebrava mais uma morte. Já devia ter 140 ou 150 assassinatos cometidos. Nós, mulheres, somos assassinas natas. Variação hormonal, auto-engano e carência extrema. Meu pacote embalado para presente.

Eu precisava de um parágrafo longo, sublime e excêntrico. A minha poesia estava entregue a sua enorme cama. Você habitava as minhas horas. O meu corpo era lembrança, a cabeça desejo. O engarrafamento, a performance do shopping, a produção da peça, a pauta marcada. Queria dividir o que resta de mim com você. Queria te doar as minhas quedas. Queria sugar o teu sêmen até o fim.

Nada de ligações ou mensagens. Estava amarrada há uma situação peculiar. Surpresas são arriscadas e sexta-feira não é dia de visita. Mas as regras são feitas para serem quebradas. Quando dormimos pouco, agimos instantaneamente.

Havia o carro dela, havaianas rosas e mentiras espalhadas. A porta estava fechada. Eu poderia tocar a campainha e começar o show. Ou deixar uma rima em seu pára-brisa com o meu batom vermelho. Ou quem sabe esperar o dia amanhecer. Poderia conhecer o outro corpo que compartilho há seis longos meses.
a
Ela que está presente ao beijar os teus cabelos. Ao sugar a boca macia. Ao sentir o gosto peculiar das entranhas. Teu outro corpo, minha desconhecida íntima. Deveríamos trocar músicas, cores de esmalte e filmes franceses? Misturar o meu pecado com o seu corpo traído? Deveríamos passar as noites desvendando você?

Era tarde demais para escândalos. Meu salto alto impedia o grito. Faltava coragem para a pontuação necessária. Havia lágrimas e dor. Uma rima patética, uma cena clichê. Quantas partes serão arrancadas? Um dia, a linha finaliza e os furos serão visíveis. Os poemas vão ser insossos. A melancolia vai substituir o sorriso. E tudo vai estar acabado. Eu darei um passo. Depois outro. E seguirei sem muito foco. Com dois calmantes e uma garrafa de vinho.

sexta-feira, janeiro 08, 2010



Sigo por uma cidade descoberta. Esquinas, ladeiras, memórias. O quanto dessa terra tem em mim? O calor submerge a pele antes seca. Sou suor, mesmo sozinha. Tenho o silêncio regido pelo bater das ondas. Não tenho pressa. A tarde é minha. Degusto o sorvete de tapioca olhando o elevador de 1850. Aqui, tudo tem data e história. Salvador é antigo. E eu sou filha fugida, revisitada de lembranças.
A mesma praia. O começo me abraça. Posso ficar no mar até todos os meus dedos ficarem velhos. Eu não tenho medo das rugas. Eu tenho medo de gente!