(...) pingou a ultima gota do teu perfume favorito entre seios e beijou o espelho de uma forma egoísta antes de sair do banheiro. Vestido preto balonê de tafetá, cabelos cuidadosamente bagunçados. Nos olhos, a mistura borrada exata entre rímel e as noites mal dormidas. Tinha um visual desgastado encantador. Parecia à beira de um abismo mesmo quando sorria. A dor que impregnava sua pele a tornava ainda mais bonita. O que seria da mulher sem uma dor? Passou pela sala, desligou o som que tocava a mesma música de ontem. Caçou inutilmente a chave do carro. Revirou algumas bolsas, encontrou 10 reais e colocou em sua carteira vazia. Talvez fosse a hora de buscar um emprego fixo. Tomou um gole no gargalo da garrafa de Vodka e assaltou a chave-reserva em cima da estante. Desceu a escada apressada, entrou no carro bagunçado e acendeu um cigarro como companhia. Sugou e assoprou com as mesmas ilusões banais. Lembrou de alguém que já devia ter esquecido. Errou duas vezes o caminho antes de chegar ao lugar marcado. Teve ódio de si mesma. Suspirou fundo, olhou para frente e voltou a dirigir de forma descuidada pelas ruas largas. (...)
Um comentário:
adorei.vamo gravar?
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