quarta-feira, março 21, 2012

Grupo Corpo

em pequeninos arranhões

Transparentes e cortantes. O pé da taça, inteiro, no canto. Muitos pedaços espalhados pelo chão. Acima, a mancha de vinho. Redonda, avermelhada. A tal que escancara o bonito arremesso. O som trincado, suspenso. Algumas gotículas mais fortes cobrem o espaço e, em outras partes, as linhas formam pequenos caminhos interrompidos. Situação engraçada. Nenhum dos escorridos atingem o chão.  É como se faltasse ar pra completar o trajeto e, os traços morressem antes do fim. Foge-se da meta, dos braços certos. Parasse no meio. Orgulho ferido e parede branca. De longe, é um quadro abstrato. A agressividade de se perder dentro, em pequeninos arranhões. Contemplação da dor em uma sala arrumada. E reparte-se, outra vez, a minha poesia.

domingo, março 18, 2012

Público e Privado


"O que é espaço público? E privado? Na contemporaneidade, esses dois conceitos parecem se interceptar o tempo todo. A ideia de privacidade, por um lado, se esgota num mundo em que todas as informações se mostram disponíveis ao público. A partir de 1991, com a proliferação de revistas e de mídias como Caras, Gente Quem e programas televisivos como Big Brother e a Fazenda, entre outros, há mais imagens em que a intimidade é colocada a público.

O espaço que seria público - parques, praças, igrejas - se fecha cada vez mais perante a ameaça da violência potencial. Seu uso abandonado pelo medo ou deixado a deriva, à sombra da solidão urbana. O lugar público, que seria o lugar de todos, passa ao status de lugar de ninguém. É abandonado, maltratado, sujado, ignorado, sucateado. 

O desejo dos artistas contemporâneos de dialogar com os espaços públicos da cidade como forma de expandir suas poéticas fica cada vez mais ameaçado e torna-se um contraponto à ameaça da violência, ao medo, ao isolamento proposto por uma arquitetura de muros, grades e vigilâncias. O grafite é um dos modos mais eficientes encontrados por alguns artistas para furar esse paradigma.  

A origem histórica do grafite remonta à história do ser humano, já que existem registros de sua cultura nas paredes das cavernas e na civilização egípcia. Essa inscrição no espaço público acompanha a própria história da arte.

O grafite propõe, acima de tudo, uma experiencia de estética e fluidez, por ser a arte do movimento, que se modifica junto com dia a dia da cidade"

trecho retirado do livro Espaço e Lugar, de Katia Canton.

quinta-feira, março 15, 2012

Dia da Poesia

Abra os olhos. Respire, sinta, absorva. Ela está ai, ao teu alcance. De graça. Agarre-a. Morda as letras. Mastigue devagar. Ande pela calçada. Limite-se a ela. Apenas ela. Engula a tua voz sussurrada. Lamba as lágrimas. Beba os sorrisos. Entregue-se intensamente. Não há nada mais importante, agora. Apenas ela, a grande dama.

domingo, março 11, 2012

sexta-feira, março 09, 2012

cariocas 1 #

Quase três. Fumava um cigarro mentolado. Pensava na sua condição. Esperava. Olhava para rosa murcha. A flor estava numa garrafa velha. Não havia água. Não havia vodca. Branca, despetalada. Seria jogada fora, no dia seguinte, durante a faxina.Poderia beber uma paixão rasgada. Seria capaz de escrever poemas. Exercitaria o auto-engano. Lá em baixo, o caminhão de lixo fazia um barulho infernal. A ausência. A mesmice. A inércia.O telefone funcionava - calado

blá. blá. blá.


Por quase três meses, fiz pequenas anotações enquanto submergia pelo Rio de Janeiro. Estava com acesso limitado ao blog e sem concentração para me aprofundar nos textos. Substituí os teclados pela caneta. A forma rudimentar/charmosa gerou bons resultados. Aos poucos, estarei expondo por aqui. Aos frequentadores assíduos, a minha desculpa pelo excesso de silêncio. 

Evoé.