domingo, julho 17, 2011

...

Um mês, anestesiada. Como se estivesse faltando luz e o cansaço impedisse de acender uma vela. Esse estado meio-termo a proibia de conversar com outros autores. Estava rasa, era desnecessária. Nada de palavras emboladas e analogias chulas. Contorcida pela seca, a cidade decretava o silêncio. Compartilhava mutilações e obrigava o pagamento de imposto. Ela devia fazer parte da merda. Deveria mencionar as repetições? Havia uma seqüência de fugas alcoólicas imbuídas por rostos desgastados. Depois da quinta dose, a inspiração pinta, mas a preguiça impera. Teria coragem para cutucar a ferida outra vez?  Era preciso tomar meia garrafa de conhaque para que ela pudesse chorar. Não que a dor tivesse cessado. Continuava ali, intacta. Mas não havia motivo de compartilhá-la com ninguém. Nem com possíveis leitores. Aquele nome não seria mais pronunciado. Preferia morrer de sede. Não permitia elucubrações. A felicidade deveria mudar de e-mail.

2 comentários:

Grã disse...

de "e-mail", "e-meio", "meio"...
de onde vem sua felicidade?
de onde vinha?
de onde viria?
de onde virá?

Kamala Ramers disse...

Obrigada por colocar em palavras...por esvaziar e compartilhar!