quarta-feira, março 30, 2011

letras assumidas

Quatro anos. Essa é a idade do meu blog. Um lugar que posso postar o que eu desejo. Colorir a vida do tom que eu quero. E criar fantasias verídicas. A minha forma egoísta de manipular a realidade e compartilhá-la com desconhecidos íntimos. Aqui, eu posso exibir os meus pedaços, e ainda conseguir seguidores. É o meu mundinho egoísta.  Meu pequeno monstro. Uma fresta. A minha fresta. Não é escancarada, a porta está entreaberta. Entra quem quer. Mas só aprecia a pessoa que entende de nuances. Quem se faz parte necessária. Aqueles que a encontram em madrugadas frias, que sentem a dor de sábado. Os viciados em poesias não engavetadas. Que gostam de produtos artesanais. Pra as pessoas que entendem o valor do efêmero. Um blog é frágil. Basta clicar no botão, e eu extermino todas as partes. Viro lembrança, página não encontrada. Eu apago a poeta que existia aqui. O entreaberta possibilita as minhas escolhas. Permite reajustes, reencontros. Agrega a minha covardia também. Assumir um livro é outro passo. É estar na prateleira, etiquetada, embalada pra presente. É se por à prova.  Tatuar letras sem possíveis mudanças. Imprimir uma parte de si. A parte que você escolheu. Marcar o tempo que passou. É ser palavra sem prazo de validade.  Tenho medo não puder mais mudar de opinião. De ter que assumir os erros e os acertos das minhas poesias. Eu tenho receio do meu olhar perante a pele marcada. Publicar um livro não é pra qualquer um, nem pra todos os escritores. Publicar um livro é ter coragem imbuída nas entranhas. É assumir um casamento até o fim. É aprovar os seus defeitos na frente do espelho. 

3 comentários:

Waro de Oliveira disse...

Valeu pela iniciativa. Mas cadê o livro?

... disse...

Oi, Waro!

Está no forno... Porém a cozinheira está bem receosa. De fato, publicar um livro é algo ousado. Vi seu blog. Adorei a venda pelo site. Vou roubar, ok?

Gostaria de te convidar para publicar comentários também no poéticas urbanas. Tenho certeza que você vai contribuir bastante para para o nosso processo!

Um beijo

Gabriela disse...

poesia e o que é efêmero...
mas se quiser, livros também o podem ser... não?
Wittgenstein é completamente diferente em duas obras que escreve que, no mínimo não seguem a mesma linha de raciocínio...
Carlos Drummont Também se multiplica em suas obras... e por aí vai...
mas posso estar errada... livros, são afinal, etiquetadas...
:)