terça-feira, junho 30, 2015

Cruzamentos

Duas faixas perpendiculares. Elas, interceptadas, formam um ângulo reto. A geometria usual, comercial de margarina. Pilar da propriedade. Com direito a herança, benção do padre, olhares orgulhosos dos mais banais. No modelo almejado não há espaço para outras intercessões. As ramificações ficam proibidas perante a igreja e a sociedade. Digo, assim, a luz do dia. Demais linhas não devem entrecortar o ângulo reto. Como o marco zero, aquele que abre espaço. Divide em dois eixos. Quase sempre, são duas faixas que se cruzam. As paralelas não contam. Mesmo podendo chegar a seis. Pouco importa o número. Elas não se beijam.

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Aqui algo difere. São três vias. Elas se misturam. É difícil definir o ângulo. Não há perpendiculares, teorias ou valores morais. Rasgaram o livro, a constituição. Atrás das árvores, o triangulo, no meio, um círculo coberto de flores roxas. As ruas se entrecruzam, diluídas. Luzes dançam em volta. E daqui de cima, os meus olhos avistam a roda de fogo, no centro do trio. O todo que pulsa num espaço específico. Espécie de bruxaria. Sem começo ou fim. Entremeios une as três ruas. Parecem abdicar dos limites de reta para construir uma pequena utopia. Um balão, bucólico, no centro do peito.

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Lugar novo. Sem calçada, asfalto, concreto. O balão voou. Não há paralelas ou perpendiculares. O único caminho é o desejo. São os pés que transformam a terra. É o corpo que suja o barro. A força motriz do acaso. Escuto o meu peito recheado do agora. Um amor individual brota. A cidade está a beira. caminha-se para dentro. Poder olhar pra si. Entender o ato de pisar sobre uma rota improvisada. Ser a própria obra, criar a tua via.