sábado, março 29, 2014

Suavidade. Algo faltará. 
O equilíbrio é coberto de pausa. 
E pausa, não é movimento. 
Aqui dentro: apenas o furação. 

Improviso de mim.
havia sol. havia companhia.
pouco importa.
o silêncio preenche.

quinta-feira, março 20, 2014

Reli você por três vezes. Não sabia ao certo se deveria responder, esse bilhete, rabiscado de caneta bic, encontrado debaixo da porta da minha casa. Quem é você, que sabe onde eu moro, que coloca palavras no meu dia?

Você disse que não entendeu sobre os pássaros. Mas, por ironia, hoje, você derramou quilos de comida para eles, aqui na minha sala. De forma, que não sei se conseguirei lidar com aves tão bem alimentadas.

Pelo seu bilhete, eu entendo que você conhece o segredo para se manter alguém em cativeiro. Dar apenas o suficiente para que o outro não morra. Para que ele se sinta feliz com a pequena quantidade de carinho que a presença do algoz o traz.

Encheu meu ego, citou uma possível fama. Você me seguiu ? Estava no bar, depois da palestra? Você diz que me conhece pouco. Pouco quanto? Porque nesse momento, você está me fazendo enlouquecida de uma curiosidade infantil, típica de um correio elegante.

Eu não sou uma matéria de jornal. Aliás, saiba que os jornalistas distorcem muito as coisas, e talvez eu não seja nem metade dessa realidade que você me refere. Talvez, eu seja apenas uma mulher recheada de pássaros que você fez questão de alimentar.

Fiz parte da sua imaginação ontem. Agora falta a realidade. Não sei onde estou com a cabeça, mas essa tua coragem de invadir a minha casa, com essas letras azuis-bic, me fez pensar que seria desafiador me jogar ao desconhecido.
É isso.

Vou deixar a carta aqui, colada na minha porta. Vou sair o dia inteiro, e como você não me deixou um endereço, espero que volte e encontre a minha carta. Vou por num envelope azul, desenhar um pássaro brega, e escrever pra você.