segunda-feira, outubro 25, 2010


Eu deveria falar dessa dor que se instaura dentro de um peito semi-preenchido. Da necessidade plena de andar descalça. De doar aos pés, os novos caminhos e areias intocadas. Gostaria de beijar a anarquia. Falar do meu egoísmo, do meu medo do correto e do receio da inércia emocional. Queria aceitar as partes estranhas de um todo quase vazio. Sentir a pele do meu dono, o cheiro ainda não saiu do corpo. Explicar que o suspiro vale mais que a certidão de casamento. Hoje, eu deveria pichar em todos os muros: o destino é o acaso de Deus. 

sexta-feira, outubro 22, 2010

pequenas notas sobre a solidão

a
No Rio de Janeiro, ela está:

(   )Envergonhada; 
(   )Em cativeiro; 
(   )No mar gelado;
(   )Disfarçada de Photoshop;

Em São Paulo, ela está:

(   )Perdida na falta de tempo.
(   )Perdida na falta de espaço.
(   ) Onde a garoa molha. 
(   )Presa num engarrafamento.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Me dá um abraço curto, enquanto impõe as regras. Fresco, rápido e com sotaque. Exige uma felicidade bronzeada. Apresento meu sorriso seco e amarelo. Ele coloca a minha mala no carro. Não me dá tempo para respirar a sua umidade. Aqui, o andar é descompromissado. Há um dicionário de nomes em placas azuis nas entradas das ruas. Eu não entendo de letras, a minha poesia é numerada.

Sou bicho do mato, da terra vermelha.  

Meus olhos sugam essa paisagem misturada. Ela é velha, ela é nova. A minha carona fecha o vidro quando paramos no sinal vermelho.  “É melhora assim. É preciso ter cuidado.” De frente, por trás da película, eu ainda encaro a sua face. E os sedutores braços abertos.