sexta-feira, agosto 20, 2010

Não seria maravilhoso, se ao passar no eixão, não houvesse mais aquelas infames propagandas políticas? Hoje, ao voltar pra casa, a minha vontade era de atirar um tomate em todas aquelas plaquinhas. Cada poste, eu tomava um susto. O espaço vazio infestado de monstros urbanos. Até quando iremos aceitar essa montanha de lixo na nossa cidade?      

sexta-feira, agosto 13, 2010

concreto






     dê     dê     dê     dê      




es     es      es      es     es     




pa     pa     pa    pa     pa     



             
ço     ço      ço     ço     ço     




ao     ao      ao     ao     ao     




tem  tem  tem  tem   tem  



po     po      po     po     po     



Homenagem ao terrorismo poético realizado no Eixo W norte. Me fez desacelerar, fazer dois balões, e apreciar novamente as sílabas e o tempo.      

quarta-feira, agosto 11, 2010


melancolia s. f.
tristeza profunda e duradoura. 
vontade de desistir.
cansaço da saudade.


I - O FOGO
O sol, desrespeitoso do equinócio
Cobre o corpo da Amada de desvelos
Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pêlos
Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio.
E ainda, ademais, deixa que a brisa roce
O seu rosto infantil e os seus cabelos
De modo que eu, por fim, vendo o negócio
Não me posso impedir de pôr-me em zelos.
E pego, encaro o Sol com ar de briga
Ao mesmo tempo que, num desafogo
Proibo-a formalmente que prossiga
Com aquele dúbio e perigoso jogo...
E para protegê-la, cubro a Amada
Com a sombra espessa do meu corpo em fogo.
Vinícius de Moraes 

quarta-feira, agosto 04, 2010




Postar uma palavra minha. Qualquer uma. Usada, estranha, ingênua. Não importa. Apenas uma palavra que resumisse todo esse capítulo. Deveria estampar ela aqui, em letras maiúsculas, para meus poucos leitores, um pedaço sibilado de mim. 

Para ver todas as fotos, acesse o meu Flickr.

segunda-feira, agosto 02, 2010


Hoje, eu completo 10 mil dias de vida. Uma comemoração deliciosa. Acabei "O amante", da Marguerite Duras, acho que agora, posso enfim, começar a escrever o meu primeiro romance. Segue um trecho do livro para inspirar possíveis leituras:


"Ele deve ter passado muito tempo sem poder dormir com a mulher, sem dar-lhe o herdeiro das fortunas. A lembrança da menina branca devia estar lá, deitada, o corpo atravessado na cama. Deve ter sido por muito tempo a soberana do seu desejo, a referência pessoal de sua emoção, da imensidade da ternura, da sombria e terrível profundeza da carne. Depois chegou o dia em que afinal isso deve ter sido possível. O dia que o desejo da menina branca foi tão forte, a tal ponto intoleravel, que ele conseguiu encontrar outra vez sua imagem inteira, como numa enorme e intensa febre, e penetrar a outra mulher com todo esse desejo, o desejo da menina branca. Deve ter-se reencontrado pela mentira dentro daquela mulher e, pela mentira, deve ter feito o que as famílias, o Céu, os ancestrais do Norte esperavam dele, ou seja, um herdeiro do nome."