domingo, agosto 30, 2009

Perdi o meu livro do Calvino. Quando eu decidi me dedicar exclusivamente as tuas letras, ele desapareceu. Sempre assim. Eles fogem no melhor momento. Eu tava na metade da estória, com frases sublinhadas, poemas escritos no rodapé. Meus olhos sonhavam com as suas ultimas páginas. E de uma hora para outra, as Cidades Invisíveis foram dissolvidas. Nenhuma linha de despedida. Apenas a ausência e dias de silêncio.

quarta-feira, agosto 26, 2009

FAC

Depois de dois longos meses de espera, o resultado do FAC saiu. Toda classe artística participa desse concurso. Escritores, atores, artistas plásticos, circenses, cultura popular. Os artistas se desdobram para preencher direitinho o formulário e abocanhar uma grana do governo. O pouco dinheiro que é disponibilizado vem dos impostos recolhidos no Distrito Federal.

Para os artistas independentes, o FAC é a principal oportunidade de desenvolver suas pesquisas e receber um salário por esse trabalho. Sabemos o quanto é difícil sobreviver fazendo arte no nosso país. Poucos consumidores, uma mídia vendida, incentivo zero. Ser artista é estar sempre na margem.
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Costumo levantar a bandeira que o artista é alguém que mesmo dentro de uma situação, está fora. Ele precisa ver o mundo com outros olhos. E a partir do seu ponto de vista, ele irá desenvolver o seu trabalho e mostrar a sua perspectiva para o mundo. Algumas pessoas vão gostar, outras vão detestar. E o artista deve rebolar bastante para entrar no circuito da cidade. Basicamente, os artistas são egocêntricos e incompreendidos. Mas estão a serviço da humanidade.
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Voltamos ao Fundo de Apoio a Cultura. Esse ano, a nossa querida Secretaria de Cultura do Distrito Federal resolveu inovar no preenchimento do formulário do FAC. Foi desenvolvido um site para o cadastro dos processos e uma clausula um tanto duvidosa.
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A tal clausula pedia que os artistas não se identificassem no projeto. Como posso pedir apoio sem falar sobre o meu trabalho já desenvolvido? Como não citar o nome de uma companhia se está pedindo a manutenção da mesma? Como uma escritora que desenvolve um trabalho autobiográfico risca o seu nome em todo livro?
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Isso me parece ridículo. Não podemos avaliar sem conhecer quem está por trás daquele projeto. E a historia desenvolvida por aquele artista? Seu currículo, sua obra? Os funcionários da secretaria são burocratas e não entendem nada do que se passa do lado de cá.
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Há uma falta de organização inacreditável dentro da secretaria. O resultado do FAC saiu em forma de números no diário oficial. Porém os inscritos não têm acesso ao seu número de cadastro. O site que contém essas informações foi retirado do ar. A maioria dos artistas não sabe ainda se ganharam o edital.
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Para piorar a situação, recebemos um papel onde havia um número de protocolo quando entregamos os projetos. Mas esse número não tem serventia. Os funcionários da secretaria não podem informar nossos cadastros. Estamos à deriva. Há dois dias que esperamos para ter acesso ao resultado de um longo trabalho.
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Será que a Secretaria de Cultura não entende que artistas não são números? Nós somos idiossincráticos. Temos as nossas estéticas, nossos conceitos. É uma falta de respeito manter esse resultado em forma matemática.

segunda-feira, agosto 17, 2009

(des)esperar na Ceilândia

Estarei apresentando o espetáculo (des)esperar na Ceilândia!
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(des)esperar tem como base a autonomia do intérprete criador na concepção do espetáculo. Partindo de exercícios corporais, depoimentos pessoais e das improvisações feitas em sala de ensaio, o texto foi construído diariamente pelas atrizes, que conduzem, durante a peça, uma relação de interdependência entre quatro mulheres que se encontram na mesma condição: a espera.
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Esse espetáculo foi contemplado pelo Fundo de Apoio de Cultura - FAC / 2008. Compareçam!
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Direção Tatiana Bittar Com Ana Luiza Bellacosta, Kamala Ramers, Larissa Mauro, Patrícia Del Rey.Músicos: Lucas Ferrari e Marília CarvalhoLuz: Carlos Fino
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Dias : 17 de agosto (Hoje!)
18 de agosto (terça)
19 de agosto (quarta-feira)
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às 20 horas
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Local:Teatro SESC Newton Rossi
C.A Ceilândia Norte
(61)3379-9588 ou (61)3379-9586
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Entrada franca: 1kg de alimento
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Andaime Companhia de Teatro
www.andaimeciadeteatro.blogspot.com
"Os seus últimos dias foram sedentos. Há algum tempo, ela não convivia com tal sensação. Essa sede específica por alguém. Uma vontade maciça de dividir coisas banais. Passeio no jardim botânico, exposição interessante e um café moído na hora. Parecia fundamental. Menstruações abalam qualquer sanidade e o gosto dele não saía do céu da boca. Poderia ligar, poderia mandar uma mensagem, poderia aparecer no meio da noite. Ela não perderia nada. Mas não gostava de escândalos. Nem de crimes passionais. As boas amantes se vestem de sombras. E foi o que ela fez, se manteve escondida todo final de semana."

Pequena parte do futuro, pra você que entrou por aqui. Melhor poucas letras do que nenhuma palavra. Assim o blog não fica tão vazio e triste. Fim de semana, eu acabo. Tenho tempo. Sou sobra.

quinta-feira, agosto 06, 2009

Estado de Choque

Ontem roubaram meu notebook em pleno Teatro Nacional. Todas as minhas fotos, meus poemas, minhas monografias, meus projetos, meus vídeos, minhas lembranças. Fui absurdamente assaltada de mim. Não fazemos backup da vida. Minha intimidade estava impressa naquela pequena caixa eletrônica e agora alguém estupra os meus poros sem o mínimo cuidado. Isso mata qualquer um. É a maior falta de ética e cuidado com o outro. Esse deve ser o problema do mundo: falta de cuidado.
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Caso você que tenha levado a minha vida, venha me visitar, por favor entre em contato. Eu pago qualquer quantia para receber o que era meu. Entre em contato: patriciadelrey@gmail.com