terça-feira, julho 21, 2009



Segue meu cheiro. Beija as minhas dobras. E eu te seduzo com macadâmias adocicadas. Morada proibida, rua sem saída, desejo liberto por paredes azuis. Preenche o meu peito das tuas peculiaridades. De mais um, dois, três mil passos. E se dispa. Aceite o sopro sob o teu corpo para iniciar o nosso jantar. Lamberemos com gosto esse presente absoluto que nos foi oferecido.

domingo, julho 19, 2009

domingo, julho 12, 2009

a música liberta...
Dia de lembrança. Fiquei deitada por horas. Depois vieram as fotos, a saudade do efêmero. Cachoeiras, risadas, café preto. Deu vontade de jogar tudo para alto. Virar hippie, sair sem destino. Acontece pelo menos uma vez por mês. É um desejo genuíno de voltar às origens. Vida leve. Pessoas insistem na besteira cristã que temos que sofrer para sermos felizes. Porque acreditar nessa bobagem desnecessária embalada por uma ideologia falida? Nós podemos muito mais. Em cada nascer do sol, sou mergulhada dessa certeza. A minha caminhada é feita em cima de pétalas de rosas brancas. Meus passos são marcados em peles saborosas. Dos meus beijos escorrem poemas rimados. Sou vento que dança descontinuamente pelo mundo. A felicidade existe, ela sorri principalmente aos domingos.

terça-feira, julho 07, 2009

Pobre menina de 26 anos perde 10 minutos da sua noite deslizando suas mãos sobre um potinho da natura. Acne? Idade. Marquinhas bem vividas. Principalmente ao lado dos lábios. Dois riscos finos, porém presentes. Excessos de risos. Não é que a felicidade envelhece? Gargalhadas malditas. Ainda bem que o mau humor deixou para a irmã mais nova. Imagina mais dois traços no meio daquela bela sobrancelha?

Era hora de começar a passar filtro solar todos os dias e o bendito creminho todas as noites. As duas obrigações politicamente corretas enchiam sua cabeça de dúvidas: Ficaria com a cara branca a partir de agora? Como faria quando fosse dormir com um gatinho? Levaria o novo companheiro na bolsa? Ou manteria em segredo? E se ele achasse vaidosa demais? Ou babaca e neurótica? Como iria arcar com essa nova despesa mensal? Deveria revelar para amigas? E se ela perdesse todas suas expressões e virasse a barbie?

A idade era um inimigo antigo. Quando tinha 15 anos, queria ter18. E agora mais perto dos 30, a vontade era voltar para os 22.

O creme surgiu no meio de uma roda esfumaçada. Um amigo viado (27) relatou sobre a tal juventude encaixotada. Chronos 25 – o mais novo lançamento. A divindade da mitologia grega oferecia a borracha perfeita para apagar todas as noites mal dormidas de uma garota de 25. Parecia maravilhoso parar o tempo e continuar dançando acelerada. Nada mais de estórias impressas no rosto. Apenas lembranças suaves e a maturidade escondida por trás da melissa de bolinhas.

Foi assim que se rendeu ao filho de urano. E agora, no espelho, espalhava seu sêmen e ampliava o medo de envelhecer. Deveria comprar o creme específico para áreas dos olhos? Talvez fosse cedo, ainda nem tinha saído da casa dos pais. Faltava estabilidade financeira, a maturidade necessária. O mundo estava apenas começando a rodar e ela perdida em potes de creminhos infames.

quinta-feira, julho 02, 2009

Deu uma vontade inacreditável de sair de casa nessa madrugada de domingo para segunda. Palavras estão sendo escritas sobre o tal dia. Mas ainda não tive coragem de escolher as rimas exatas. De dar o tom certo para o texto. Por isso, não postei. A verdade é que ando bem desleixada com esse blog. Ele está um misto de lamento e justificativas. Encarar os meus textos para o livro me deu uma boa brochada. É muito difícil eu reler minhas letras. Eu me sinto uma babaca imatura. Clichê. Uma insegurança enorme. Parece que todas estão embaralhadas. Que vaidade é essa de me intitular como escritora agora? O que são meus textos perto dos meus livros favoritos? Ninguém. Falta ler, viver, imaginar, dedicar, rezar, ousar, errar. São mil verbos para serem conjugados apenas por dois sujeitos. Eu e o meu ego gigantesco.

Tudo bem, leitores. Minha intoxicação por excesso de mim passa rápido. Mas como sei que é um saco entrar aqui e não ler nada de muito interessante, ai vai um pouco de Clarice Lispector ( para alegrar a noite) :

Brasília é construída na linha do horizonte. - Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo quando foi criado. (...) Mas se digo que Brasília é a imagem de minha insônia, vêem nisso uma acusação; mas a minha insônia não é bonita nem feia - minha insônia sou eu, é vivida, é o meu espanto. Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil; eles ergueram o espanto deles, e deixaram o espanto inexplicado. A criação não é uma compreensão, é um novo mistério. - Quando morri, um dia abri os olhos e era Brasília. Eu estava sozinha no mundo. Havia um táxi parado. Sem chofer.
espaço
texto sobre Brasília - originalmente publicado no Jornal do Brasil, em 20 de junho de 1970. Leia o texto na integra blog olhar estrangeiro!
beijo