segunda-feira, março 30, 2009

Quero fazer Nada



Depois de um fim de semana cansativo, vem a segunda-feira. E com ela, a sensação que tudo deve recomeçar, mesmo sem ter acabado ainda. A correria se estala já com o despertaDOR as 8 da matina. Parece que quando não se tem emprego fixo, a gente trabalha muito mais.

Ligações, decisões, internet. Vou digitando as letrinhas com afinco. Uma a uma. Em busca de um apoio que me deixe trabalhar em paz. Sou dependente de Sins. Vou mendigando, vendendo a alma. Tudo por amor a um deus egoísta.

Depois do almoço, tenho um tempo livre. A tarde vai ser imensa. Distribuirei 20 sorrisos de 1,99 para cada jornalista da cidade. Digestão do arroz com feijão, e uma momento mágico na rede. A descoberta sobre um clube de nadismo.

Nadismo é o simples e delicioso ato de não fazer nada! O objetivo desse clube era conjugar o verbo “nadar”, no sentido seco da coisa. Criar um momento especial que ofereça a oportunidade rara de efetivamente parar e não fazer coisa alguma.

Não pensei duas vezes e me filiei ao nada. Não são todas as segundas-feiras que achamos idéias interessantes na internet. Descobri que os eventos para a prática do nadismo são públicos e acontecem em tranqüilos parques.

Fechei os olhos e me imaginei dentro de um cubo branco, estatelada, saboreando as minhas horas vagas em pleno parque da cidade. Aquele silêncio, a mente tranqüila. A suavidade sorrindo sem a mínima pressa. Eu e o nada. Um caso de amor eterno.

Exatamente na hora do beijo, o celular gritou. Depois, o MSN chamou a minha atenção e tive que me despedir daquele doce de coco. “Pode deixar que amanhã, eu volto e trago reforço.” Em tempos de guerra, praticar o nada é coisa séria.

Segue as diretrizes da prática do Nadismo:

1- STOPNJOY!
Este tempo é totalmente seu para que você desfrute o fazer nada sem pressa.

2. ENTREGUE-SE!
Abandone a intenção de fazer nada. Esqueça qualquer objetivo, o nadismo não tem nenhum propósito.

3. SOSSEGUE!
Privilegie o silêncio e a imobilidade.

4. OBSERVE!
Evite ocupar-se mentalmente. Deixe a mente vagar como as nuvens.

Para se filiar, ler e beijar – Clube do Nadismo.

quarta-feira, março 25, 2009

Pra quem gosta de poesia, ai vai uma excelente dica! Estamos produzindo esse workshop que promete ser uma maravilha! Todo mundo que já viu a Elisa Lucinda recitando, sabe do que eu estou dizendo! Essa é a oportunidade de aprender a transformar as letras soníferas em estimulante potente! Vamos lá?

segunda-feira, março 23, 2009

Uma enorme vontade de desistir. Simples assim. De esmagar todos eles com uma força sob humana. A vida não é feita só de palavras bonitas. Há outras. Milhões delas. Que vagam por aqui. É preciso engolir muito sal até alcançar alguma coisa. E no final, as contas provavelmente não serão pagas. Levantar a bandeira, correr atrás, se expor ao ridículo. Será que é por vaidade ou ideologia? Os aplausos não continuam quando você tira a maquiagem.

terça-feira, março 17, 2009

Obscena, se enrosca sobre a minha pele enquanto durmo. Caminha nas pontas dos pés, e me morde o pescoço. Lambe as costas, beija as dobras, arranca o juízo. Você e a sua juba imensa, entrelaçada, aos meus pedaços.

Cheia, felpuda, grisalha.

Naquele quarto suado, as mãos ainda abraçam os corpos. O cheiro se espalha por toda a casa. Nossa cortina improvisada exibe o show para os vizinhos.

Você, enorme, dentro de mim. E eu, fazendo o café da manhã.

quarta-feira, março 04, 2009

Vik Muniz

Ontem me deparei com imagens belas. Não só imagens, mas palavras. Havia toques e cheiros também. E gosto, muito gosto. Um apetite enorme que nem dois dias inteiros iriam saciar. Na frente dos meus olhos, brinquedinhos de plásticos e caldas de chocolate. Sucatas de gente, açúcar de crianças. O mundo todo em forma de papel picado e a poeira desenhada.

Alice reencontrava pedaços. Buda, chaves, cartão de credito e olhos de vidro. Uma mistura contemporânea sobre a nossa simplicidade. Eu, exibida em todas aquelas fotografias, entregue para o mundo. Ora pó, ora perfume - pronta para ser cheirada.

Naquele prato sujo de molho de tomate, meduza marinava. Seguíamos de boca aberta, passo a passo, daquele jardim desenhado por ele. Lambíamos as telas, saboréavamos cores, bebíamos conceitos. Um enorme banquete de arte degustativa para famintos do terceiro mundo.

Assim - e de todas as outras formas - é o trabalho de Vik Muniz. Sua poesia perecível, seus olhos ilusorios.. A ambiguidade gostosa destilada entre o minimo e o imenso, entre diamantes e lixo, entre real e o lisérgico. É de se empanturrar de tanto sabor!



Vik Muniz

Exposição 'Vik' - Museu de Arte Moderna (MAM). Av. Infante Dom Henrique, 85. Tel: 2240-4944. Ter a sex, de 12h às 18h. Sab, dom e feriados, de 12h às 19h. R$ 8 (inteira). Até o dia 22 de março no Rio de Janeiro.